Por Vinícius Andrade.
Resta pouca dúvida no mercado de que a Selic deve renovar a mínima histórica no primeiro encontro do Copom de 2018. Enquanto a redução da taxa básica de juros de 7,00% para 6,75% na próxima quarta-feira é considerada praticamente certa, o ponto de chegada do Banco Central no atual ciclo de flexibilização monetária segue motivando alguma divergência entre os analistas.
A realidade macroeconômica justifica o corte de 0,25 ponto percentual na reunião de fevereiro, com a taxa de câmbio em um patamar confortável, as expectativas de inflação bem ancoradas e a demanda sem adicionar pressão sobre os preços, diz Alberto Ramos, economista sênior do Goldman Sachs. No lado da inflação, o IPCA encerrou 2017 abaixo do piso da meta e o IPCA-15 de janeiro, abaixo do esperado, não corroborou a surpresa altista do número fechado de dezembro.
Desde que iniciou o atual ciclo de flexibilização monetária, em outubro de 2016, a autoridade monetária já trouxe a Selic de 14,25% para 7%. “Confio na ideia do corte de 0,25 ponto percentual e acredito que o BC, de alguma maneira, sinalizará que o mais provável é o encerramento do ciclo em fevereiro”, diz Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra.
Ainda que a expectativa majoritária seja a de que o corte no encontro de fevereiro represente o encerramento do ciclo, os economistas não descartam uma nova queda de juros em março. “A chance de algum corte adicional não é desprezível”, diz João Pedro Ribeiro, estrategista da Nomura. “A aprovação da reforma da Previdência e alguma surpresa baixista da inflação nos próximos meses podem ajudar em ajuste para baixo”, de acordo com Ribeiro.
Assim, o comunicado do Copom não deve fechar completamente as portas para um corte adicional em março e pode seguir condicionando a próxima decisão à evolução do cenário esperado.
“Com a política monetária já expansionista, a questão é : quão estimulativa se quer que a política monetária seja?, diz Ramos, do Goldman. “Os dados de atividade mostram a recuperação cíclica da economia ganhando força e não há que se perder de vista que a política monetária já está ajudando na demanda”, diz o economista.
Além de a Selic já se encontrar em patamar estimulativo, uma eventual modificação no quadro internacional também pode corroborar a manutenção do juro mais adiante, segundo Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos. “Os juros longos estão subindo nos EUA e, embora não haja pressão inflacionária muito clara, há preocupação dos bancos centrais em apertar as condições monetárias e isso pode implicar em valorização do dólar”, diz Rosa.
O Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil, mantém a aposta em mais dois cortes de 0,25 pp. “Mesmo que as expectativas da reforma da Previdência neste início de ano sejam frustradas, as autoridades podem considerar um pouco mais de estímulo, dada a magnitude da ociosidade estimada, o balanço de riscos em torno do cenário base e o ritmo lento de convergência da inflação para a meta”, diz relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita.
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