BCE monitora impacto de taxas negativas sobre bancos, diz Coeuré

Por Jeanna Smialek e Alessandro Speciale.

O Banco Central Europeu está monitorando o risco de que as taxas negativas prejudiquem a rentabilidade dos bancos e, ao mesmo tempo, honrando seu compromisso de alcançar a estabilidade de preços em primeiro lugar, disse o membro do Conselho Executivo Benoit Coeuré.

“Estamos cientes desta questão”, disse Coeuré, em discurso em Frankfurt, na quarta-feira. “Estamos estudando cuidadosamente os esquemas usados em outras jurisdições para mitigar possíveis consequências adversas para o canal de crédito bancário. Mas eu acho também que precisamos qualificar o discurso de que os desafios dos bancos fluem em grande parte de nossa política monetária”.

Os investidores precificaram plenamente um corte de 10 pontos-base na taxa de depósito, para no mínimo -0,4 por cento, na reunião do Conselho Governativo que acontecerá no dia 10 de março. O discurso de Coeuré é uma das últimas aparições públicas programadas de autoridades do BCE antes dessa reunião, já que o período de silêncio autoimposto pelo banco central começa na quinta-feira.

“Muitos bancos têm conseguido mais que compensar a queda das receitas provenientes dos juros com volumes de empréstimos mais elevados, despesas com juros mais baixas, provisões de risco mais baixas e ganhos de capital”, disse Coeuré. “Aqueles que preveem uma política monetária menos acomodatícia precisam se perguntar qual seria o impacto sobre os volumes de crédito dos bancos e quais seriam as provisões para prejuízos com empréstimos se a produção estivesse estagnada e os preços, em queda”.

Ele reiterou que as taxas ultrabaixas se justificam pela lentidão do crescimento e da inflação.

“Enfrentamos incertezas em relação à perspectiva para a economia global, enfrentamos incertezas em relação ao direcionamento da Europa e sua resiliência a novos choques — o referendo do Reino Unido, a próxima onda de imigração”, disse Coeuré. A zona do euro “precisa urgentemente de crescimento mais forte para reduzir o alto desemprego, para desalavancar a economia e para elevar a inflação de volta ao nosso objetivo de estabilidade de preço”.

Coeuré deverá discursar mais tarde em Bruxelas, mas não sobre política monetária. O presidente do Banco da França, François Villeroy de Galhau, disse ao parlamento francês em Paris, nesta quarta-feira, que embora a zona do euro não esteja em deflação, a inflação é baixa demais e o BCE precisa de “continuidade” em sua meta.

O crescimento dos preços ao consumidor ficou abaixo da meta de pouco menos de 2 por cento desde o início de 2013. A taxa de inflação caiu para -0,2 por cento em fevereiro após a leitura positiva de 0,3 por cento do mês anterior, segundo dados publicados na segunda-feira. O BCE divulgará novas projeções macroeconômicas em 10 de março, oportunidade em que poderá reduzir novamente sua perspectiva.

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