BCE se prepara para troca da guarda com saída de Draghi

Por Alessandro Speciale e Piotr Skolimowski com a colaboração de Maria Tadeo, Zoe Schneeweiss, Esteban Duarte eViktoria Dendrinou.

O Banco Central Europeu entrará em breve em um processo de troca de liderança que vai durar dois anos e terá seu auge quando for escolhido o sucessor do presidente Mario Draghi. Considerações políticas serão tão importantes quanto as habilidades dos candidatos.

Cinco dos sete principais cargos do BCE serão desocupados até o fim de 2019, começando em junho deste ano pelo posto de vice-presidente, atualmente com o português Vítor Constâncio. Entre os critérios para análise: ser mulher ajuda e nomear um ministro romperia a tradição.

Os vencedores definirão as medidas da instituição que praticamente salvou o euro sozinha durante a crise e agora decide como e quando retirar os estímulos adotados para combater a recessão e sustentar a recuperação da atividade. Eles também influenciarão o debate sobre como fortalecer o bloco contra futuros choques.

“Uma grande dança das cadeiras acontecerá nos próximos dois anos com a abertura de muitas posições importantes na União Europeia”, disse Carsten Brzeski, economista-chefe da ING-Diba, em Frankfurt, onde também fica a sede do BCE. “O resultado ao fim do processo terá profundas consequências sobre como o BCE fará o aperto da política monetária.”

Como costuma acontecer com os cargos europeus, o delicado equilíbrio de poder entre os 19 países que formam o bloco será decisivo no processo seletivo. Mas nacionalidade não basta.

Investida da Espanha

A Espanha deu o primeiro passo no mês passado. Após cinco anos de ausência do conselho que elabora e implementa a política monetária, o governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy anunciou que nomeará um candidato para substituir o vice-presidente Constâncio.

Há rumores de que será nomeado o ministro da Economia, Luis de Guindos, que presidia as operações em Portugal e Espanha do Lehman Brothers Holdings até o colapso do banco americano, em 2008. No entanto, o nome dele pode ser rejeitado por parlamentares europeus que querem uma lista de candidatos que inclua mulheres.

Reunião em Bruxelas

O BCE e os bancos centrais nacionais influenciam as decisões, mas não votam formalmente. Os ministros responsáveis pela pasta de Finanças pedirão indicações durante uma reunião em Bruxelas, em 22 de janeiro, e provavelmente escolherão nomes até o fim de fevereiro. Os indicados precisam passar por uma audiência e uma votação do Parlamento Europeu antes que os líderes da União Europeia confirmem a pessoa no cargo.

A seleção do novo vice-presidente é o primeiro movimento de um jogo de xadrez que definirá os substitutos do presidente do BCE (Draghi), do economista-chefe (Peter Praet), do responsável por operações de mercado (Benoit Coeure) e da responsável por supervisão bancária (Daniele Nouy).

O italiano Draghi, 70 anos, deixará a presidência no fim de outubro de 2019. Jens Weidmann, 49 anos, comandante do banco central alemão, o Bundesbank, é considerado uns dos favoritos a substituí-lo. O comandante do banco central francês, François Villeroy de Galhau, 58 anos, é outro. Sua conterrânea Christine Lagarde, 62 anos, diretora geral do Fundo Monetário Internacional, e a vice-presidente do banco central irlandês, Sharon Donnery, 45 anos, estão entre as mulheres que poderiam ocupar a presidência ou um assento no conselho.

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