Por Nikos Chrysoloras, Alexander Weber, Sotiris Nikas e Boris Groendahl.
O Banco Central Europeu alertou auditores que instituições de crédito poderiam aproveitar a transição para novos padrões contábeis para espalhar as perdas com empréstimos durante vários anos em vez de registrá-las nos resultados financeiros de 2017, de acordo com três pessoas com conhecimento do assunto.
O Mecanismo Supervisório Único do BCE (conhecido pela sigla SSM e que vigia os maiores bancos da região) alertou para o risco neste ano, como parte dos diálogos regulares com contadores que fazem a auditoria dos balanços patrimoniais das instituições, segundo as fontes, que pediram anonimato porque as discussões são privativas.
A percepção é que a mudança para novas regras contábeis pode levar bancos a classificar empréstimos de recebimento duvidoso de forma que as provisões possam ser espalhadas durante um período de cinco anos e não com impacto imediato.
O SSM deu aviso para os bancos não maquiarem perdas quando finalizavam a contabilidade de 2017, segundo uma das fontes. A pessoa não esclareceu como essas preocupações foram resolvidas ou se o SSM está satisfeito com a maneira usada pelos bancos para divulgar os números de 2017.
Exigências de capital
Um representante do BCE em Frankfurt se recusou a comentar.
O SSM também compartilhou suas preocupações com a Autoridade Bancária Europeia, que supervisiona as regras do setor na UE. Nas discussões sobre o assunto, o conselho do SSM concordou que a Autoridade Bancária Europeia poderia impor exigências adicionais de capital caso concluísse que as economias de capital não eram justificadas, de acordo com outra autoridade.
O novo padrão contábil IFRS 9, que entra em vigor neste ano, exige que os bancos separem reservas para perdas esperadas nos empréstimos.
Legisladores da UE decidiram permitir que o impacto do aumento nas provisões fosse distribuído ao longo de cinco anos.
Os bancos europeus se preparam para testes de estresse em seus balanços patrimoniais neste ano, que também avaliarão o impacto das novas regras contábeis para empréstimos de recebimento duvidoso. A recuperação econômica mais firme no continente ajuda nos lucros, mas a necessidade de provisionar para o legado de empréstimos podres pesa sobre o balanço patrimonial das instituições, especialmente na Itália, Grécia e Chipre.
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