BCE vai ao leste para debater juros em país que é fã do euro

Por Ott Ummelas e Piotr Skolimowski.

As autoridades do Banco Central Europeu que se dirigem ao leste para uma reunião nesta semana serão recepcionadas por um país que tem muito a ensinar sobre o euro.

Em 25 anos, a Estônia deixou de ser uma parte do império soviético no Mar Báltico e se transformou em um membro soberano — e fiel defensor — da segunda maior moeda do mundo. Com pouco mais de 1 milhão de habitantes, o país também tomou várias das medidas de que, segundo o presidente do BCE, Mario Draghi, o bloco precisa para deixar de depender do apoio monetário e escapar do euroceticismo.

“Em um famoso termômetro do euro, pergunta-se às pessoas o que elas acham da moeda. Nós sempre ficamos perto do topo”, disse Ardo Hansson, presidente do banco central estoniano, em uma entrevista em Tallinn na quinta-feira. “Novos membros, particularmente dos Países Bálticos, em geral contribuem para a estabilidade da zona do euro. De forma geral, nossas finanças públicas e nossa macroeconomia estão em boa forma.”

Hansson, 58, se reunirá com o restante do Conselho Governante na quarta-feira para um encontro de dois dias — uma das eventuais decisões de política do BCE tomadas fora de Frankfurt — que ocorrerá em um momento crítico. Como eleitores holandeses e franceses rejeitaram políticos que duvidam do euro e a economia da região está se recuperando, as autoridades estão sob pressão para dizer quando vão implementar seu plano de compra de títulos de 2,3 trilhões de euros (US$ 2,6 trilhões) e elevar as taxas de juros.

Noventa por cento dos economistas consultados em uma pesquisa da Bloomberg disseram que o BCE decidirá na quinta-feira que os riscos em torno da recuperação da zona do euro estão equilibrados, mas eles estão divididos sobre se a instituição eliminará sua tendência à flexibilização nos juros. Embora Hansson não possa comentar a política monetária antes que as decisões sejam tomadas, ele disse recentemente que a retirada do estímulo precisa ser comunicada e implementada “com muita prudência”.

Bem-conceituada

O comentário reflete o receio de Draghi de que fatores globais, como o Brexit e as políticas comerciais dos EUA, representam um risco enquanto a zona do euro atravessa um período de baixa atividade econômica — algo que ele provavelmente vai reiterar quando falar com os jornalistas na escola secundária de ciências de Tallinn depois da reunião. O BCE frequentemente afirma que reformas estruturais inadequadas abalam o crescimento potencial, notoriamente na França e na Itália.

A Estônia, em contraste, deve estar bem-conceituada aos olhos de Draghi. Sua dívida pública, de 9,7 por cento do PIB, se compara com a média do euro de 89,3 por cento. O país registra superávit há três anos, assim como a Alemanha. O crescimento econômico no primeiro trimestre foi o mais acelerado em cinco anos.

“A Estônia é a prova de um argumento fundamental do BCE e de Mario Draghi: a política monetária não consegue elevar as economias sozinha”, disse Fredrik Erixon, diretor do Centro Europeu de Economia Política Internacional, em Bruxelas. “A Estônia é uma economia aberta que continuou se reformando nos anos de crise, o que levou a uma taxa de crescimento substancialmente superior à de outros países do euro.”

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