BHP e Rio Tinto suportariam choque da China, segundo S&P

Por Krystal Chia.

Essa é a pergunta que os investidores em commodities temem: o que aconteceria se a China desacelerasse e os preços caíssem? A S&P Global Ratings analisou os números exatamente para esse cenário e descobriu que as cinco maiores mineradoras do mundo, incluindo Glencore e BHP Billiton, conseguiriam sobreviver sem cortes de classificação.

Considerando que mais cedo ou mais tarde os preços “perderão força”, a S&P modelou uma queda de um ano provocada por um choque repentino na demanda chinesa “porque esta é uma das causas mais prováveis de queda”, afirmou a agência em nota. O teste, que também englobou Rio Tinto, Anglo American e Vale, apontou que “será preciso mais do que um choque de preços para afetar os balanços das cinco grandes”.

As maiores mineradoras do mundo foram severamente testadas na última grande queda dos preços de materiais, que atingiu o ponto máximo no último trimestre de 2015, quando os investidores temiam o impacto de uma desaceleração da China e, no caso do minério de ferro, uma oferta cada vez maior. As produtoras responderam cortando custos, racionalizando portfólios e reduzindo dívidas. A S&P afirmou que o hipotético colapso do mercado foi modelado usando preços 10 por cento inferiores aos atingidos naquele trimestre.

“As grandes mineradoras estão bem posicionadas para absorver um possível choque externo após concluírem seus planos de redução da dívida apoiadas por um compromisso atualmente baixo com o crescimento das despesas de capital”, afirmou a S&P. A desalavancagem e as “políticas financeiras flexíveis devem torná-las resilientes não apenas à ciclicidade normal do setor, mas também a um estresse mais severo”.

A agência somou advertências duplas às suas descobertas. Primeiro, os resultados dos testes de estresse não puderam ser aplicados às produtoras menores. E, segundo, o estudo não se baseou em uma tentativa de modelar uma guerra comercial completa e mundial, nem os caminhos que poderiam levar a esse tipo de confronto.

Se uma crise na China não for suficiente para forçar rebaixamentos, o que seria? “A resposta simples é um desvio de suas atuais políticas financeiras, especialmente em conjunto com uma queda significativa dos preços”, afirmou a agência, listando riscos como aquisições oportunistas. “No entanto, atualmente não prevemos que as mineradoras venham a adotar medidas do tipo, dadas as lições aprendidas na última recessão.”

No último trimestre de 2015, os preços das matérias-primas foram submetidos a pressões extremas devido à preocupação com uma desaceleração da China, maior usuária de metais e maior importadora de minério de ferro. A matéria-prima usada na fabricação do aço — que atualmente é negociada a US$ 63,25 a tonelada — caiu para menos de US$ 40 naquele período de três meses.

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