Por James Crombie.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento pode emitir títulos no Brasil pela primeira vez este ano para apoiar empréstimos para infraestrutura após a obtenção das autorizações necessárias, disse Jean-Marc Aboussouan, chefe da divisão de infraestrutura do BID, em 28 de julho, em entrevista por telefone.
Ter acesso a financiamentos locais em reais ajudará o BID a se tornar mais ativo na infraestrutura brasileira, disse Aboussouan. “Nós devemos ter, até ao fim do ano, finalmente, o acesso a financiamento local em reais, em vez de usar o mercado de swap, que no Brasil é limitado”, disse Aboussouan. “Seremos capazes de emprestar em reais até o fim do ano ou no início do próximo ano.”
Detalhes da primeira emissão de títulos local, incluindo calendário, tamanho, estrutura e subescreventes ainda estão sendo decididos, disse Carlos Herrera, tesoureiro em exercício do BID, em resposta a perguntas por e-mail.
A emissão estaria “pendente em razão das condições de mercado e da demanda de investidores”, disse Herrera. A emissão de estreia em reais seria feita pela iniciativa Brazilian Local Currency Treasury Pilot do BID, criada em 2013, ele acrescentou.
De acordo com Aboussouan, o envolvimento do BID com a infraestrutura brasileira, no decorrer dos últimos dez anos, tem sido relativamente limitado, mesmo em fontes de energia renováveis, que é um foco para o BID. Isto é, em parte, por causa da predominância do próprio banco de desenvolvimento do Brasil, o BNDES, que deverá reduzir sua participação em razão dos cortes de fundos do governo.
“Estamos discutindo (com o BNDES) como podemos realmente trabalhar juntos para intervir e cofinanciar projeto. Essa é uma oportunidade que vemos a partir do próximo ano”, disse Aboussouan.
O funcionário do BID reconheceu os muitos desafios que o Brasil enfrenta, incluindo recessão e escândalos políticos. “Vamos ver, na próxima grande rodada de licitações de infraestrutura, qual é o real impacto da situação e dos escândalos sobre a capacidade do Brasil de desenvolver os seus projetos de infraestrutura”, disse Aboussouan.
Em outros lugares da América Latina, o cenário da infraestrutura está melhorando, de acordo com Aboussouan. “O ambiente para investimento em infraestrutura − pelo menos do lado do governo − está ficando mais e mais operacional”, disse ele. “No lado privado, eu não diria que o dinheiro é um problema. Há um monte de dinheiro disponível para bons projetos.”
Ele disse que o foco para o capital privado continua a ser os países com ratings mais elevados, tais como Peru, Chile, Colômbia e México. A maior parte do financiamento para infraestrutura − cerca de 70 por cento − vem de dívida.
Embora alguns bancos de financiamento de projetos estrangeiros tradicionais tenham reduzido os empréstimos nos últimos anos, Aboussouan disse que bancos comerciais regionais − incluindo colombianos e peruanos − aumentaram a exposição à área de infraestrutura.