Bill Gross aposta alto em dívida da Argentina

Por Ben Bain e Andres R. Martinez, com a colaboração de John Gittelsohn.

Bill Gross tornou-se o mais recente investidor a apostar alto na Argentina depois que o país resolveu a disputa de uma década da dívida com o gerente de hedge funds Paul Singer.

Os títulos argentinos se destacaram como uma das dez principais posições no Janus Global Unconstrained Bond Fund de Gross, de US$ 1,44 bilhão, em maio. A dívida governamental de nenhum outro país alcançou esse volume, nem sequer de seus velhos favoritos dos mercados emergentes, México e Brasil. O investimento chega em um momento em que a dívida argentina registra os segundos maiores retornos nos mercados emergentes nos últimos doze meses.

A aposta na Argentina “faz sentido”, disse Edgardo Sternberg, gestor de recursos da Loomis Sayles, com sede em Houston, EUA, que administra US$ 229 bilhões em títulos, entre eles a dívida soberana da Argentina. “Eu vejo, individualmente, que ela tem muito potencial sob uma perspectiva de mercados emergentes”.

Apetite

O investimento também constitui uma mudança abrupta para Gross, que em dezembro adicionou a Argentina com Venezuela e Zimbábue no grupo de países onde a inflação disparou devido à perda de confiança em suas moedas.

Dados da Janus sugerem que os investimentos de Gross na Argentina são recentes. No fim do primeiro trimestre, o fundo de Gross não possuía dívida do país. Os valores também não constavam entre seus dez principais ativos em abril. Ainda não há dados disponíveis de junho. Os yields para os títulos com vencimento em 2019 no fundo de Gross caíram 0,24 ponto percentual, para 4,6 por cento, nesta semana.

A Janus não respondeu a pedidos de comentários de Gross sobre o investimento na Argentina.

‘Todos’

Apesar do sucesso recente da Argentina, o país ainda está lutando contra uma economia lenta e uma inflação alta, disse Paul Christopher, estrategista-chefe de mercados globais do Wells Fargo Investment Institute, em St. Louis, EUA, que administra US$ 1,6 trilhão. Ele recomenda uma posição underweight a títulos da Argentina.

Quando a Argentina vendeu títulos em abril, o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, disse que o país tinha recebido quase US$ 70 bilhões em ofertas. Não está claro se Gross comprou os títulos da Argentina na oferta, mas seus ativos ressaltam o apelo cada vez maior da dívida.

“Você queria saber quem comprou dívida da Argentina?”, disse Siobhan Morden, diretora de estratégia de renda fixa da Nomura Holdings para a América Latina. “Todos”.

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