Por Lulu Yilun Chen e Eric Lam com a colaboração de Kana Nishizawa, Stephen Engle e Yuji Nakamura.
É cada vez maior a probabilidade de que o bitcoin se divida novamente em novembro, criando uma terceira versão da principal moeda criptografada do mundo. O motivo é que mineiros e desenvolvedores mantêm visões diferentes a respeito da ampliação de seu mercado de rápido crescimento.
Os principais atores do setor, incluindo o investidor em bitcoins Roger Ver, conhecido como “Bitcoin Jesus” por seu proselitismo em nome da moeda digital, dizem que o consenso entre os lados opostos parece cada vez mais improvável. A opinião é repetida por alguns dos maiores operadores de conjuntos de mineração e também por programadores — conhecidos como desenvolvedores “Core” — que foram fundamentais para o desenvolvimento da infraestrutura da rede original do bitcoin.
Nas últimas semanas, um grupo de mineiros — pessoas que resolvem problemas matemáticos complexos para gerar e transacionar a moeda digital — deixou o bitcoin original e passou a usar uma nova versão, conhecida como Bitcoin Cash. Ver está transferindo parte de seus recursos para a nova ramificação e antecipa aquela que seria a segunda divisão da moeda em 2017. Ver admite que poderia se beneficiar com uma divisão do tipo e com a criação de mais moedas.
“Provavelmente haverá outra divisão entre o bitcoin original e a versão SegWit2X do bitcoin, mas isso só me daria mais moedas, que posso vender em troca da versão Bitcoin Cash”, disse Ver, em entrevista à Bloomberg Television, em conferência organizada pela Bitkan em Hong Kong.
A popularidade do bitcoin provocou congestionamento nas negociações e, em determinado momento, os tempos de transação e as comissões de processamento atingiram patamares recorde. O debate sobre como lidar com o problema dividiu a comunidade do trading. Alguns propõem o aumento do número de transações em cada bloco, que deve ser verificado por mineiros, e outros defendem a retirada de parte das informações da rede principal.
Uma parte da comunidade pressiona por uma atualização de rede em novembro, o que pode provocar uma divisão se não houver consenso.
Quando ocorreu uma divisão, no início de agosto — ocasião em que o Bitcoin Cash saiu do bitcoin original –, inicialmente a moeda digital caiu 6,8 por cento em dois dias, porque os investidores pareciam estar descontando o valor da nova moeda. Mas na sequência os preços avançaram e chegaram ao recorde de US$ 4.880,85 em 1º de setembro, antes de a China anunciar uma repressão às bolsas de moedas criptografadas e às ofertas iniciais de moedas, o que derrubou os preços em 20 por cento.
Os principais atores do setor estão alertando os investidores a se prepararem para mais turbulências. Desenvolvedores Core, como Peter Todd, afirmam que a divisão pode ser muito mais tumultuada dessa vez e gerar mais confusão entre os usuários em relação a qual versão pode ser considerada o “bitcoin” real.
“Em certo sentido, a divisão está 100 por cento garantida”, disse Todd, um dos principais colaboradores da codificação do bitcoin. “A divisão provavelmente será mais perturbadora.”
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