BlackRock e Aberdeen apostam em ações do Brasil no ano eleitoral

Por Vinícius Andrade, Patricia Xavier e Paula Sambo.

Ainda há fôlego para as apostas no mercado de ações brasileiro, mesmo em meio à cautela com o cenário eleitoral. O Ibovespa já subiu 21% em 2017 e as expectativas de resultados corporativos sólidos colocam o índice acionário em posição para ganhos adicionais, de acordo com BlackRock e Aberdeen. O crescimento na maior economia da América Latina deve apresentar melhora com a taxa de juros na mínima histórica e cenário benigno para inflação, o que prepara o terreno para um sólido 2018.

“Nós teremos um momentum positivo dos resultados para as empresas brasileiras em 2018”, diz William Landers, diretor dos fundos da América Latina da BlackRock. Para ele, com a melhora da atividade e o recuo da taxa de desemprego, o argumento para a expectativa de continuidade da política econômica como resultado das eleições de 2018 será forte. “Um desvio da rota atual macroeconômica seria desastroso para os mercados.”

A recente corrida eleitoral no Chile, onde o candidato favorito do mercado e líder das pesquisas fracassou em conquistar uma forte maioria no primeiro turno, é prova de que sempre há riscos, segundo Landers, que supervisiona US$ 2,2 bilhões na BlackRock.

Há pouca visibilidade sobre os principais candidatos e os desfechos mais prováveis para a disputa em 2018. Assim, Peter Taylor, chefe da área de renda variável da Aberdeen no Brasil, trabalha com um otimismo cauteloso para as ações brasileiras.

Enquanto o mercado prefere um candidato reformista, de centro-direita, que dê sequência à política econômica do atual governo de Michel Temer, as pesquisas recentes apontam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Jair Bolsonaro na liderança. Dito isso, a volatilidade pode apresentar uma oportunidade de compra.

“Temos visão positiva de ativos no Brasil, mas não estamos completamente alocados. Estamos guardando dinheiro para alocar em ativos durante a volatilidade trazida pela eleição, se houver”, disse Luis Stuhlberger, criador do Fundo Verde, em evento em São Paulo na última semana.
E não é apenas a atividade que irá impulsionar os resultados corporativos, segundo Taylor.

“Balanços irão se recuperar não somente pelo crescimento econômico, mas por conta da expansão de margens e do menor custo da dívida”, disse Taylor, em entrevista por telefone.

Os gestores estão apostando em papéis do setor de consumo, diante da recuperação da economia brasileira. A BlackRock ficou mais positiva com ações de consumo discricionário e manteve “posições importantes” em ações nos setores financeiro, de energia, de bebidas e de infraestrutura. A Aberdeen, que tem cerca de R$ 20 bilhões investidos em ações brasileiras, prefere empresas de consumo estáveis, como Arezzo e Lojas Renner.

Essas empresas têm perspectiva mais forte para crescimento de resultados e foram surpreendentemente resilientes durante a recessão, segundo Taylor.

Os investidores também estão focados na reforma da Previdência. Landers e Taylor são cautelosos com as chances para a aprovação da proposta.

Landers acredita que o mercado não está contando com a passagem da reforma no Congresso durante o atual governo. Mesmo que seja aprovada, Taylor vê que ainda será necessário um trabalho complementar. “Se a reforma passar, o próximo governo terá que olhar isso de novo, já que não resolverá problemas fundamentais”, disse Taylor.

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