Por Paula Sambo e Eduardo Thomson.
BlackRock e Fidelity Management & Research apostam que a alta da bolsa brasileira — a mais expressiva do mundo no último ano — ainda tem fôlego.
William Landers, gestor de recursos da BlackRock em Nova York, conta que começou o ano com peso muito acima do proporcional em ativos brasileiros. Já Will Pruett, da Fidelity, que confessa ter tido “dúvidas sobre o Brasil durante a maior parte do ano passado”, agora espera mais ganhos pela frente.
As apostas otimistas de duas das maiores gestoras de recursos do mundo contrastam com opiniões de investidores que começam a questionar a bolsa brasileira após o salto de 103 por cento do Ibovespa no último ano. No começo da semana, Mark Mobius, presidente-executivo da Templeton Emerging Markets Group, alertou que o mercado acionário brasileiro está ficando “caro”. Contudo, Landers acredita que a decisão do Banco Central de cortar os juros mais agressivamente neste ano e as entradas de recursos para a bolsa e o mercado de renda fixa são catalisadores para ganhos adicionais.
“É difícil enxergar o que vai virar isso, a menos que ocorra séria mudança fiscal no mundo desenvolvido e não esperamos isso neste momento”, ele disse. Landers, que supervisiona US$ 2,2 bilhões na maior gestora de recursos do mundo, considera mais atraentes os setores financeiro, de petróleo e mineração no Brasil.
Pruett também espera que os bancos brasileiros avancem à medida que a inadimplência diminui. “Já passamos do pico do ciclo de crédito”, ele disse. “São negócios que não precisam tanto de demanda para se acelerar e podem crescer muito apenas reduzindo as provisões.”
Pruett, que ajuda a administrar US$ 544 milhões em ativos na Fidelity, sediada em Boston, também acha que as ações de empresas voltadas para o consumidor brasileiro estão baratas.
“Os fundamentos parecem ruins agora, mas daqui a um ano os fundamentos estarão melhores e as ações vão subir e todo mundo vai querer os papéis em carteira”, ele disse. “Está claro que atravessamos o ciclo, o que é o mais importante.”
Pruett e Landers concordam que a maior ameaça ao mercado acionário brasileiro é a não execução das reformas econômicas.
A reforma da previdência é o próximo passo essencial no plano do presidente Michel Temer para reestabelecer a sustentabilidade das contas públicas. Embora o Congresso tenha aprovado o teto de gastos no ano passado, a legislação motivou protestos populares.
“Se o Congresso decidir que ‘está tudo ótimo e não precisamos fazer mais nada’ e fizer o serviço pela metade como já vimos no passado, esse tipo de complacência seria o pior cenário possível”, disse Landers. “Se a reforma da previdência passar, mas for diluída, também será ruim.”
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