Por Ksenia Galouchko.
A maior gestora de recursos do mundo tem uma dica para quem investe em mercados emergentes: evite reações imediatas ao noticiário político.
Gerardo Rodriguez, que já foi vice-ministro das Finanças do México e hoje administra US$ 300 milhões em ações e títulos de países emergentes para a BlackRock em Nova York, faz suas apostas com base em fundamentos de economia e mercado — não em cima de especulações sobre o que o presidente americano Donald Trump vai fazer em seguida.
Este começo de ano foi o melhor para os títulos e ações de nações emergentes desde 2011. A ideia por trás da alta é que o tombo inicial após a eleição de Trump foi exagerado, uma vez que as ameaças protecionistas dele não se concretizaram.
“É confuso entender qual é realmente o arcabouço de políticas”, disse Rodriguez, 44 anos. “Não tomamos decisões significativas na carteira a não ser tentar aproveitar alguns deslocamentos do mercado que observamos por causa do movimento violento de preços.”
O Total Emerging Markets Fund, da BlackRock, ofereceu retorno de 29 por cento no último ano (superando 73 por cento de seus pares) ao investir em ações da Turquia e Indonésia e dívidas em dólar do Chile e da Polônia, além de outros ativos de países em desenvolvimento.
Estas são as recomendações de investimento de Rodriguez:
México
A desvalorização dos títulos em moeda local diante da depreciação do peso foi “extrema”. O fundo tem alocação acima das referências em dívida mexicana em moeda local e alocação abaixo do proporcional em títulos da dívida externa e ações. A posição vendida em ações mexicanas não tem “nada” a ver com Trump, segundo Rodriguez, mas com múltiplos “caros” e com o aperto da política monetária no país.
Rússia
A recuperação econômica, a expectativa de flexibilização monetária e múltiplos baixos das ações na Rússia levaram a BlackRock a uma alocação maior que o proporcional em ações do país. Rodriguez favorece os setores de consumo discricionário, telecomunicação e matérias-primas e alocação abaixo das referências em ações de energia, pois entende que a recuperação do preço do petróleo já não tem mais fôlego.
O fundo tem peso abaixo do proporcional em títulos russos, dado que a BlackRock prefere mercados com juros mais estáveis. Ele espera que as ações sejam as maiores beneficiárias da retomada da economia russa.
Polônia e Chile
Rodriguez perseverou durante o movimento de desvalorização dos títulos e do zloty quando o governo polonês começou a cumprir promessas de campanha de aumentar os gastos sociais. Rodriguez prefere a dívida soberana com grau de investimento da Polônia e também a dívida chilena denominada em dólares aos títulos do Brasil e da Ucrânia, que proporcionam rendimentos maiores. A BlackRock também tem alocação levemente acima do proporcional em ações polonesas, esperando aproveitar o relaxamento monetário no país.
Turquia
Em agosto e setembro do ano passado, Rodriguez começou a ampliar a alocação da BlackRock em ações turcas, que já era relativamente grande. Na ocasião, os múltiplos alcançaram os menores patamares em sete anos após o golpe de Estado frustrado. Quando a lira atingiu seu menor nível histórico em janeiro, o banco central tomou providências para fortalecer a moeda.
“Grandes decisões ainda precisam ser tomadas, o ambiente político ainda é tenso, o referendo está chegando”, disse Rodriguez, se referindo à votação em abril para aprovar mudanças constitucionais que concentrariam o poder executivo na presidência. “Mas é exatamente neste contexto que um mercado se torna atraente.”
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