BlackRock, Templeton veem momento para comprar dívida emergente

Por Sangwon Yoon e Ye Xie, com a colaboração de Natasha Doff e Charles Stein.

Talvez o pior já tenha passado para os bonds dos mercados emergentes, de acordo com dois dos maiores gestores de dívida do mundo.

As avaliações dos bonds já refletem os baixos preços das commodities, e o tom dovish dos principais bancos centrais do mundo fez com que os ativos “mais arriscados” ficassem mais atraentes, escreveram analistas da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, em uma nota na terça-feira. Michael Hasenstab, da Franklin Templeton, que administra US$ 125 bilhões em ativos, disse que o sentimento negativo em relação aos mercados em desenvolvimento chegou a níveis extremos, e favorece países como Brasil, México e Coreia do Sul.

Os gestores se juntaram a alguns investidores, como o Goldman Sachs Asset Management, que recomendaram a compra seletiva de bonds de mercados emergentes. Com o custo dos empréstimos em níveis mais baixos desde a crise financeira global, os investidores são compensados pelos desafios enfrentados pelos mercados emergentes, como a queda dos preços das commodities e a desaceleração da China, dizem eles.

Pontos positivos

“É prematuro dizer que o clima melhorou completamente”, escreveu uma equipe de gestores de dívida de mercados emergentes da BlackRock, liderada por Pablo Goldberg e Sergio Trigo Paz, em uma nota na terça-feira. “Mas, como muitos dos ‘pontos negativos’ do mercado já foram considerados, é hora de se concentrar em alguns dos ‘pontos positivos’, que consideramos que vão ganhar força como impulsionadores do mercado daqui para frente”.

A economia da China se estabilizou, e parece que as autoridades monetárias do país estão “mais confortáveis com o nível atual” do yuan, amenizando a pressão sobre os mercados emergentes, de acordo com a BlackRock, que administra US$ 4,6 trilhões. Um declínio de três anos nas moedas dos países em desenvolvimento também está permitindo “reequilíbrio substancial e rápido de suas economias domésticas.”

Goldberg e Paz disseram que eles preferem dívida de mercado emergente denominada em dólar e com grau de investimento. Os bonds denominados em moeda local também estão ficando “mais equilibrados” depois de três anos de queda forte, embora a volatilidade continue alta.

Fundamentos sólidos

O diretor de investimentos de estratégia global macro da Franklin Templeton concorda. Hasenstab, que administra o quinto maior fundo de renda fixa do mundo, disse que o atual sentimento pessimista em relação aos mercados emergentes se assemelha ao que existiu durante a crise financeira global, que resultou ser uma oportunidade de compra.

Embora as oportunidades agora sejam “muito mais estreitas”, elas ainda estão disponíveis em países como México, Coreia do Sul, Malásia, Indonésia e Filipinas, disse Hasenstab em seu blog. Estes são países com “fundamentos sólidos”, mas que estão sendo tratados como se estivessem em crise, disse ele, acrescentando que está evitando Turquia, Rússia, Venezuela e África do Sul.

Os mercados emergentes se destacam em um mundo onde mais de US$ 7 trilhões da dívida pública mundial têm rendimento inferior a zero.

O yield extra que os investidores exigem para manter títulos em dólar de mercados emergentes em vez de títulos do Tesouro dos EUA subiu para 5,07 pontos percentuais em 11 de fevereiro, o mais alto desde 2009, de acordo com dados compilados pelo JPMorgan. Títulos em moeda local tiveram um yield de 6,8 por cento na segunda-feira, em comparação com 1,2 por cento dos títulos do Tesouro americano de cinco anos e -0,3 dos bunds da Alemanha com vencimento semelhante.

Bonds brasileiros

Para Hasenstab, da Templeton, os títulos brasileiros podem ser sua próxima aposta vencedora.

Os bonds brasileiros são atraentes porque o país “parece estar em um caminho claro” de recuperação, apesar da volatilidade de curto prazo, disse. Embora o país ainda precise melhorar sua política fiscal, rendimentos de mais de 16 por cento são altos o suficiente para os riscos.

O otimismo de Hasenstab nos últimos meses prejudicou seu histórico. Seu fundo Templeton Global Bond Fund, de US$ 53 bilhões, caiu cerca de 4 por cento neste ano, quase a perda total de 2015, e ficou atrás de 97 por cento de seus pares, de acordo com dados compilados pela Morningstar. Ao longo da última década, o fundo proporcionou um retorno de 6,5 por cento ao ano, superando 99 por cento de seus pares.

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