Por Isabella Cota.
Talvez os investidores devam esperar um pouco antes de comprar mais pesos mexicanos.
Essa é a visão do ex-vice-ministro das Finanças Gerardo Rodríguez, atualmente gerente de recursos da BlackRock. Após a valorização de 17 por cento do peso neste ano — um dos melhores desempenhos cambiais do mundo –, ele vê pouco espaço para ganhos a curto prazo. A próxima oportunidade de compra ocorrerá com o retorno da volatilidade antes da eleição presidencial do ano que vem, segundo Rodríguez.
“O México foi o mercado mais importante no ano até agora em termos de retornos nos fundos que eu gerencio”, disse Rodríguez, em entrevista, de Nova York. “Para o restante do ano adotamos uma posição mais neutra, esperando que a volatilidade traga novas oportunidades de compra.”
As oscilações da moeda diminuíram desde a forte queda do ano passado causada pela surpreendente vitória de Donald Trump na eleição presidencial nos EUA, quem prometeu em campanha evitar a fuga de empregos de seu país para o México. Agora, os investidores parecem estar em paz com os planos do presidente americano de renegociar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), que transformou o México em potência de exportação, e veem a eleição presidencial do México, em julho de 2018, como o próximo possível ponto de pivô.
A política doméstica volátil supera os riscos relacionados ao Nafta, informou a Moody’s Investors Service em relatório de 30 de agosto. Os analistas da agência argumentam que o candidato de oposição Andrés Manuel López Obrador, contrário às reformas estruturais implantadas pelo governo atual, pode prejudicar os esforços do país para abrir sua economia.
A campanha de Obrador, repleta de nuances populistas, pode paralisar a implementação de grandes reformas econômicas, como a abertura do setor energético ao investimento privado, segundo nota de analistas, entre eles Matthew Walter. “As renegociações do Nafta, por sua vez, provavelmente não afetarão o comércio e podem até representar uma oportunidade para o México”, afirmou a nota.
Rodríguez concorda que as negociações do Nafta, que estão em andamento, não representam uma ameaça significativa para o México.
“Os fundamentos da economia mexicana são sólidos e continuarão sendo bons, pelo menos até 2018, mas isso já está precificado na taxa de câmbio”, disse Rodríguez. “Mais perto do processo eleitoral, durante alguns meses, deverá haver boas oportunidades para comprar na queda.”
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