Blanche: Câmbio tem 'alívio aparente' com contas externas

Por Josué Leonel.

A recuperação das contas externas do País ajuda a reduzir a pressão por maiores desvalorizações do real, mas não elimina os riscos de turbulência em 2016, diz Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria. A balança comercial caminha para um superávit de US$ 17 bilhões este ano e de US$ 33 bilhões em 2016, revertendo o déficit de US$ 4,1 bilhões do ano passado, segundo a consultoria.

O ajuste das contas externas pode ajudar a reduzir o ritmo de alta do dólar, que fecharia 2016 em R$ 4,20, cerca de 9% acima do nível atual, prevê Blanche. Com isso, o real perderia bem menos do que neste ano, quando acumula perda de 30%. “O ajuste do câmbio foi muito positivo para o País do ponto de vista das contas externas. Mas o Brasil ainda tem um problema grande nas contas públicas”, diz o consultor.

Apesar do efeito positivo do real mais fraco, Blanche pondera que a balança está refletindo ainda mais a queda das importações, que tem sido mais profunda do que o recuo das exportações. Isso é um sintoma da recessão, estimada pela Tendências em 4% este ano e 3% em 2016, que vem acompanhada da perda de renda real pelo consumidor e aumento do desemprego.

O mercado vive um momento de “alívio aparente”, diz o consultor ao explicar o comportamento mais calmo do câmbio neste final de ano. Para se consolidar, este alívio depende de o governo implementar reformas estruturais e resistir às pressões por mudança na política econômica, que surgem sobretudo do PT e têm se avolumado após a troca de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no ministério da Fazenda.

Uma guinada econômica de inspiração keynesiana e esquerdista, diz o consultor, levaria a uma maior alta do dólar e da inflação, além de uma recessão ainda mais profunda do que a prevista hoje pelo mercado.“O Brasil já foi rebaixado à 2ª divisão após ser cortado pelas agências de rating e perder o grau de investimento. Corre o risco de cair para a 3ª se o ajuste fiscal e o aperto monetário forem abandonados.”

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