Bloomberg vence o prêmio Risk Awards 2022 de fornecedor de tecnologia do ano

Fornecedor do ano – área de tecnologia: Bloomberg
Risk Awards 2022: gigante de dados oferece análises de risco, enquanto desempenha papel fundamental na transição da LIBOR

Ter seu software nas mesas de mais de 300.000 profissionais na área de finanças traz grandes oportunidades e muitas obrigações. No projeto de desativação da LIBOR – a taxa de benchmark mais popular do mercado – que se estende há mais de um ano, a obrigação veio primeiro.

Os clientes da Bloomberg que utilizavam a plataforma para várias funções de precificação, além de outras, queriam continuar utilizando, agora, com o início das novas taxas livres de risco (RFRs) e das cláusulas de fallbacks – que permitem que as empresas reutilizem automaticamente instrumentos para as novas taxas após a queda da LIBOR – e à medida que os spreads fossem estabelecidos entre a LIBOR e suas substituições.

“Disponibilizar estes itens não era opcional”, diz Jose Ribas, diretor global de soluções de risco e precificação da Bloomberg em Londres. “Temos grandes bancos nos EUA e na Europa que utilizam nossos serviços para notas estruturadas e opções exóticas, por exemplo. Estes bancos precisavam atualizar fluxos de trabalho, como o de trader de front-office e o de verificação de preços, mais contraparte e risco de mercado – todos estes modelos tiveram que ser atualizados ao mesmo tempo, para que as empresas pudessem manter seus livros em funcionamento e continuassem a gerir os negócios”.

Jose Ribas, diretor global de soluções de risco e precificação da Bloomberg

Outros clientes e casos de uso variam – de seguradoras e seus cálculos de requisitos de margem a empresas não financeiras, que utilizam a Bloomberg para hedge accounting ou gestão de ativos/passivos.

A realização deste trabalho foi não negociável, e exigiu um esforço enorme por parte do fornecedor. Ribas estima que o projeto de transição ocupou entre um quinto e um terço de sua equipe global durante os últimos anos. Durante o feriado de fim de ano de 2021, grande parte desta equipe permanecu de plantão para ajudar clientes, em caso de problemas com o encerramento da divulgação da maioria dos fixings da LIBOR e o início dos fallbacks, acrescenta Ribas.

Neste aspecto, a Bloomberg estava no mesmo barco que outros fornecedores de preços e análises de renda fixa. Este ano, a empresa ganha o prêmio da categoria de melhor fornecedor de tecnologia do ano, por demonstrar que não é apenas mais uma empresa de precificação e analytics – ou, ainda, apenas um fornecedor de dados de mercado ou um administrador de benchmark. A Bloomberg é o conjunto dos três itens, e muitas vezes, seus negócios complementares representam muito mais do que a soma dessas atividades.

A oportunidade que surgiu da transição da LIBOR é uma ilustração disso, pois os clientes se depararam com um dos desafios mais difíceis do projeto: o fato de que as taxas livres de risco (RFRs) são taxas overnight, sem o componente de risco de crédito bancário que estava embutido na LIBOR. Para muitos participantes do mercado, isto não foi um problema; eles se contentaram em compor a taxa overnight para gerar versões a termo das RFRs. Outros queriam não apenas um benchmark a termo, mas sim um que se movesse de acordo com o ciclo de crédito.

Algumas destas empresas recorreram à Bloomberg para ajuda, diz Umesh Gajria, diretor global de produtos vinculados ao índice da empresa. Gajria descreve a LIBOR como sendo tão “profundamente integrada aos sistemas e produtos do cliente” que removê-la e substituí-la foi como uma escavação arqueológica – os artefatos antigos tinham que ser exumados cuidadosamente, em vez de serem arrancados da terra.

“Voltando ao meu exemplo de sítio arqueológico, quando escavamos em uma determinada área – o mercado à vista – os clientes nos perguntavam: ‘Você pode fornecer uma solução para uma taxa que tenha sensibilidade de crédito embutida? Então tivemos que voltar à mesa de desenho, e percebemos que havia um bom número de clientes que enfrentavam um grande problema”, diz Gajria.
A dimensão desse problema foi um ponto de debate aquecido durante a transição. Reguladores queriam liquidez para incorporar rapidamente nas RFRs, e só aprovariam, de forma relutante, um trabalho que criasse benchmarks separados ou ramificações. Em alguns mercados, a questão mal foi levantada; em outros, desencadeou uma pequena revolta.

Os credores foram vistos como os mais relutantes em abandonar a sensibilidade ao crédito da LIBOR, advertindo que em tempos de stress financeiro, as taxas de financiamento bancário e as RFRs se desacoplariam e se moveriam em direções opostas. Para compensar estes riscos, os credores bancários que hoje utilizam as taxas livres de risco (RFRs) incluem um spread adicional.

No entanto, Gajria insiste que a sensibilidade ao crédito não é apenas um benefício para os credores.

“Acho que vários tomadores [de empréstimos] querem uma solução simples para entender quais são os custos de seus empréstimos. Se você tomar emprestado contra um benchmark RFR hoje, seu custo total é composto de uma taxa – uma taxa básica – mais um spread adicional que cobre o custo potencial de financiamento ao banco, e um spread de crédito que se baseia no perfil de risco do próprio cliente. Portanto, agora você tem três componentes – algo que o mercado não estava necessariamente acostumado”, diz Gajria.

A alternativa da Bloomberg é o índice BSBY (índice Bloomberg Short-Term Bank Yield). O benchmark, criado há quase um ano, é baseado em operações de financiamento por atacado nas plataformas eletrônicas da empresa, além de cotações firmes de bancos. Os reguladores insistiram que qualquer substituição da LIBOR seja fundamentada em transações reais – portanto, os dados de cotação do índice BSBY são reduzidos e limitados para evitar o afogamento dos dados de negociações.

Umesh Gajria, diretor global de produtos vinculados a índices na Bloomberg

Este é um benchmark mais simples para os tomadores de empréstimos, Gajria argumenta – não é necessário que os bancos adicionem um spread de financiamento, porque a taxa deve aumentar ou diminuir de acordo com o seu custo de fundos. Em consequência, ele afirma, também deve ser mais barato.

“Se os bancos souberem que seu custo de financiamento está coberto, poderão oferecer o melhor preço. Se eles não souberem o que pagarão pelo financiamento em três meses, ou em doze meses, o spread extra terá obviamente que cobrir. Esse spread pode ser necessário em uma crise, mas por que o tomador de empréstimos pagaria antecipadamente e durante todo o prazo do empréstimo?”, ele pergunta.

O índice BSBY tem gerado muita controvérsia desde sua criação. Apenas meses após seu lançamento, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), Gary Gensler, advertiu que os volumes de negociação subjacentes ao benchmark são uma fração daqueles da SOFR, a taxa de benchmark substituta oficial da LIBOR em dólares americanos. Em seguida, em setembro passado, Gensler renovou seu ataque, alegando que o índice BSBY não estava em conformidade com os padrões globais de benchmark. A Autoridade de Conduta financeira (FCA, na sigla em inglês) do Reino Unido seguiu avisando que os fallbacks contratuais da taxa – uma cascata de medidas que estabelecem o que acontecerá com o benchmark se os volumes de transações subjacentes diminuírem – não eram suficientemente robustos para satisfazer as regras locais de referência.

Em novembro, a Bloomberg alterou os fallbacks. Gajria diz que isto não foi uma resposta às críticas regulamentares: “Isto não foi uma resposta a nada ou a ninguém. Um dos fatores era basicamente tornar os fallbacks mais resistentes, mas isto sempre fez parte do nosso plano”.

Os aspectos gerais regulatórios agora parecem ter diminuído. Gajria diz não ter ouvido mais nada recentemente, e sugere que a oposição inicial ao índice da empresa pode ter sido mais relacionada ao desejo dos reguladores de incorporar liquidez nas RFRs em vez de qualquer oposição fundamental à chegada dos benchmarks alternativos sensíveis ao crédito, como o índice BSBY.

“Não acho que eles fossem necessariamente contra um ambiente de várias taxas. A adoção da SOFR foi dura – não foi o que poderia ou deveria ter sido. Mas agora estamos em uma boa posição como um mercado, o mundo avançou com a SOFR – e eu acho que isso é positivo para o mercado”, diz Gajria.

O papel inicial do índice BSBY tem sido uma referência em empréstimos comerciais bilaterais, onde os dados públicos são escassos – Gajria diz que apenas “alguns bancos” estão utilizando a taxa para estas transações – mas também tem sido utilizado em algumas transações públicas maiores, como, por exemplo, um empréstimo de US$ 2,3 bilhões em setembro para a empresa de transporte Knight-Swift Transportation. Os volumes de swaps vinculados ao índice BSBY também estão aumentando, com aproximadamente US$ 20 bilhões negociados até o momento este ano – um salto de cinco vezes em relação aos volumes de 2021, diz Gajria.

Este benchmark poderá ser utilizado de várias outras formas. Gajria diz que “muitos” outros exemplos para diferentes propósitos também surgiram – por exemplo, alguns gestores de ativos já consultam sobre o uso do índice BSBY para comparar os retornos que recebem de investimentos à vista (cash), em vez da LIBOR. Seguradoras também perguntam sobre o uso do índice BSBY para descontar seus passivos, ele acrescenta.

Além da LIBOR, a Bloomberg também desempenhou um papel importante em uma série de outras questões urgentes. A empresa foi considerada para este prêmio, depois de ganhar três categorias nos prêmios separados da Risk.net para fornecedores de tecnologia, incluindo uma pelo suporte oferecido à LIBOR, e outra pelo seu software de risco de liquidez de mercado, LQA.

Brad Foster, diretor de conteúdo de dados enterprise da Bloomberg

Esta última categoria foi inicialmente adotada por fundos que procuravam cumprir as novas regras da SEC sobre classificação de liquidez de suas holdings, diz Bradley Foster, diretor de conteúdo de dados enterprise da Bloomberg. Desde então, a utilização passou da conformidade regulamentar para um conjunto mais amplo de desafios de medição e de gestão de riscos – uma evolução que é um bom presságio para o setor, dado o consenso geral de que os mercados serão mais turbulentos este ano e que a liquidez poderá ser mais escassa.

“Se você tivesse me perguntado há 18 meses ou dois anos o quão bem equipado estava o setor, eu poderia ter tido uma resposta diferente, mas acho que hoje o setor está muito consciente disso. Tivemos vários anos de pressão regulatória sobre o assunto, bem como aquelas empresas com muitos problemas de liquidez”, diz Foster – uma referência aparente às falhas irreparáveis ocorridas no Woodford Equity Income Fund e a uma gama de fundos de títulos da gestora suíça GAM.

“Assim, muitas empresas passaram de uma avaliação subjetiva da liquidez para uma abordagem orientada por dados para avaliar o que é o risco de liquidez”, acrescenta Foster.

Esta abordagem orientada por dados está integrada a outras iniciativas regulatórias importantes, tais como a Revisão Fundamental do Portfólio de Negociação, que une diretamente a redução das necessidades de capital à profundidade dos dados subjacentes aos modelos bancários, e ao grau de consistência dos resultados da modelagem entre o front office e a função de risco. Este contexto está empurrando mais clientes na direção da Bloomberg, Foster afirma, embora a empresa não ofereça números para respaldar esta afirmação, referindo-se à política da empresa.

“As pessoas passaram a entender que é extremamente caro adquirir, absorver e normalizar dados, e depois construir a interoperabilidade entre diferentes conjuntos de dados e, finalmente, implementar analytics em cima de tudo isso. E também percebem que, mesmo incorrendo este custo, não têm certeza de que obterão um produto de primeira classe. Criamos uma vasta gama de produtos regulatórios estáveis, e já fizemos isto tantas outras vezes. Compreendemos os pontos problemáticos e podemos colocar o produto no mercado com bastante rapidez”, diz Foster.

Artigo reproduzido a partir do site da Risk.net.

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