Por Sabrina Valle e Felipe Marques.
Dois dos maiores bancos estatais do Brasil estão se preparando para reduzir suas participações na Petrobras, hoje em R$ 62,8 bilhões ao todo, como parte dos esforços do governo Jair Bolsonaro para reduzir o tamanho do Estado na economia. O despejo no mercado poderia pressionar para baixo o valor da ação, que já subiu 19% este ano.
O presidente do BNDES, Joaquim Levy, disse na terça-feira que existem usos mais interessantes para os recursos do banco do que investimento em Petrobras. A Caixa Econômica Federal também está planejando vendas, segundo uma fonte a par dos planos do banco.
O governo Bolsonaro quer privatizar centenas de ativos estatais para levantar recursos, numa tentativa de dar mais competitividade para a economia. Isso inclui dar aos bancos estatais mais flexibilidade para decidir sobre seus investimentos. Na semana passada, o governo publicou um decreto que libera BNDES e Caixa para vender suas participações na Petrobras, com dispensa do aval presidencial.
“Acreditamos que essa aprovação claramente aumenta a percepção de risco de pressão de baixa das ações da Petrobras”, escreveu o analisa do Citigroup Global Markets, Pedro Medeiros, em um relatório de 25 de fevereiro.
O BNDES detém 14 por cento do capital total da Petrobras. “BNDESPar tem cerca de R$ 100 bilhões investidos em empresas listadas. Não precisamos carregar R$ 40 bilhões da Petrobras”, disse Levy em evento na terça-feira em São Paulo. A participação do banco inclui ações ordinárias e preferenciais que valem cerca de R$ 54 bilhões, considerando o valor de mercado de R$ 379 bilhões da Petrobras.
“Por que vou segurar papel da Petrobras quando tenho outras coisas em que aplicar? Estudamos onde aplicar de maneira inteligente”, disse Levy. No início deste mês, o BNDES informou que seu braço de participações BNDESPar já havia vendido ações preferenciais da Petrobras.
O BNDES e a Caixa não responderam imediatamente às solicitações de comentários sobre os possíveis planos de venda.
A Caixa, maior banco do país em carteira de crédito, detém uma participação de 2,3% no capital total da Petrobras, avaliado em R$ 8,7 bilhões. A participação é composta de 3,2% em ações ordinárias e 1% em ações preferenciais.
Levando em conta o volume médio diário negociado de 70 milhões de ações nos últimos três meses, o BNDES e suas subsidiárias levariam cerca de 16 dias úteis para vender totalmente suas ações preferenciais, segundo o UBS Group.
“Acreditamos que o BNDES reduziria sua participação gradualmente para evitar a pressão sobre os preços das ações”, disse o analista do UBS, Luiz Carvalho, em um relatório de 22 de fevereiro.
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