Bolsas em mercados emergentes sinalizam migração para segurança

Por Srinivasan Sivabalan.

É o mecanismo pelo qual o mercado acionário cura a si mesmo — visto durante a crise financeira, os problemas de endividamento da zona do euro, a queda do preço do petróleo e a vitória eleitoral de Donald Trump.

Agora aparece nos mercados emergentes.

Investidores estão optando por empresas de setores maduros, com fluxo de caixa constante e ações baratas e se livrando de companhias menores com potencial de crescimento, mas caras e com receita volátil. As chamadas ações de valor superam as ações de crescimento nos mercados em desenvolvimento, atingindo o maior nível em um ano em termos relativos.

A preferência por ações de valor reflete a busca por segurança por investidores preocupados com a magnitude do tombo nos ativos de risco diante da alta de juros nos EUA, da guerra comercial e do agravamento do quadro fiscal em nações em desenvolvimento.

Essa cautela é transmitida para os analistas, que estão reduzindo suas previsões de lucro para os mercados emergentes como um todo, porém mais acentuadamente para empresas de crescimento (como as do setor de tecnologia) e com menor intensidade para aquelas nos segmentos de valor (como saúde). As estimativas ainda são de alta de lucros no ano para o último grupo, mas de queda para o primeiro.

O mercado de derivativos acompanha a tendência, com aumento das posições pessimistas no fundo negociado em bolsa iShares Core MSCI Emerging Markets ETF a ponto de a razão entre opções de venda e compra ter saltado para o maior nível desde outubro de 2016. A mesma razão no iShares MSCI Emerging Markets ETF está perto do menor patamar em dois anos.

Apesar da grande sobreposição de ativos nos dois fundos, o primeiro (Core) investe em um universo mais amplo de ações de mercados emergentes, incluindo papéis mais baratos. Seu valor de mercado mediano é US$ 18,35 bilhões, e o do segundo é US$ 23,02 bilhões, sugerindo que os investidores de mercados futuros estão mais preocupados com quedas para ações de companhias menores – muitas delas ações de crescimento – do que para as grandes.

O desempenho superior das ações de valor sobre as ações de crescimento foi uma tendência marcante das bolsas de países em desenvolvimento de 2000 a 2005, de 2007 a 2009 e de 2011 a 2012, quando os investidores ainda estavam se acostumando com os mercados emergentes como classe de ativos e preferiam empresas grandes e bem estabelecidas.

Desde 2012, a tendência se reverteu e as ações de crescimento passaram na frente. Neste período, os investidores globais fizeram apostas mais arriscadas e compraram empresas menores com perspectivas de rápida expansão.

Ao longo do último ano, o desempenho relativo dos dois grupos oscilou, enquanto investidores avaliam as perspectivas para os mercados emergentes com a retirada do dinheiro fácil. Se as ações de valor avançarem agora, pode ser indício de que os investidores de economias emergentes estão se contentando com um ambiente mais estável e de menor crescimento.

Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.

Agende uma demo.