Por Aline Oyamada e Carolina Wilson.
Com governos populistas prestes a tomar posse nas duas maiores economias da América Latina, comentários contrastantes dos presidentes eleitos têm levado o dinheiro a sair do México e a entrar no Brasil.
Investidores aplicaram US$ 367 milhões em fundos negociados em bolsa (ETFs) listados nos Estados Unidos que acompanham ações e títulos de dívida brasileiros na semana passada, a maior entrada desde maio de 2017. O único país emergente a registrar saídas durante esse período foi o México, com US$ 214 milhões retirados de ETFs focados em ativos do país.
Ativos mexicanos têm ficado para trás de seus concorrentes desde que o novo presidente Andres Manuel Lopez Obrador desmantelou um projeto de um aeroporto parcialmente construído de US$ 13 bilhões, medida que foi seguida por uma proposta de seu partido de cortar as taxas bancárias. Mas Lopez Obrador pode não ser o único fator que está deixando os ativos mexicanos menos atraentes. O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro está conquistando investidores enquanto isso, com planos de vender empresas estatais, reformar a Previdência e reduzir o déficit fiscal, atraindo potencialmente fundos de outros mercados emergentes.
“Nossa posição overweight no México foi naturalmente reduzida para dar espaço no portfólio para países como o Brasil”, disse Raphael Marechal, gerente de portfólio de dívida de mercados emergentes da Nikko Asset Management em Londres.
O peso e a bolsa mexicana tiveram os piores desempenhos entre os mercados emergentes no último mês. Ativos estenderam o declínio na segunda-feira depois que o partido de Lopez Obrador relatou que pretende avançar com propostas para reduzir as taxas bancárias, apesar de uma declaração do novo presidente de que não haveria mudanças na legislação bancária no futuro próximo.
O presidente eleito do Brasil, por outro lado, provocou uma enorme recuperação nos mercados financeiros, com o entusiasmo se espalhando para executivos de bancos que vêem bonança à frente se ele fizer o que é necessário para consertar a economia.
“AMLO e sua equipe técnica precisam ser mais proativos e enviar a mensagem certa e consistente para reduzir a incerteza política”, disse Bertrand Delgado, estrategista do Société Générale em Nova York. “Caso contrário, seu primeiro ano no governo pode ser desnecessariamente difícil”.
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