Por Jasmine Ng.
O Westpac Banking, segundo maior banco da Austrália, mira acordos relacionados à China para o financiamento de minerais ligados às energias renováveis, como o lítio e o cobalto, após uma década de expansão sem precedentes da produção de minério de ferro em seu mercado interno, uma era que se aproxima do fim.
“A próxima área de crescimento está relacionada às energias renováveis”, disse Paul Gardner, chefe global de financiamento estruturado de commodities, em entrevista, em Cingapura. “Se você olhar para o futuro, e olhar para os carros elétricos etc., boa parte do lítio com fontes acessíveis está na Austrália.”
A mudança planejada do Westpac representa um distanciamento em relação à velha economia do minério de ferro, usado na fabricação do aço, rumo ao foco em materiais que estão atraindo mais atenção do investidor por serem a base dos veículos elétricos e das energias renováveis. O aumento da demanda chinesa por baterias de íon de lítio, necessárias para novos veículos e para armazenamento de energia, está gerando ganhos de preços e também um boom de ativos na Austrália, que já é a maior fornecedora de lítio do mundo.
“No momento, tenho observado o crescimento do interesse das mineradoras australianas pela China e pelos produtos com pagamento antecipado”, disse Gardner. “O cenário perfeito para uma empresa como a nossa seria ligar os pontos e estabelecer estruturas de financiamento como o pré-pagamento — para que a mina receba seu capital e, em troca de seu capital, tenha um acordo de entrega de longo prazo com o comprador chinês.”
No início deste mês, a China colocou a indústria automotiva em alerta ao se tornar o maior país a buscar a eliminação progressiva dos veículos movidos a combustíveis fósseis, uma decisão que certamente vai acelerar a mudança em direção ao desenvolvimento de carros elétricos. A notícia ajudou a estimular a disputa pelas matérias-primas utilizadas na nova tecnologia, incluindo o cobalto.
O governo australiano afirmou em seu último balanço trimestral sobre recursos naturais que o lítio, o grafite e cobalto estão sendo impulsionados “por um segundo boom de commodities, com aumento da demanda e dos preços e com impulso ao investimento”. No caso do lítio, “uma série de empresas da Austrália Ocidental já está mirando a produção de concentrado a curto prazo para venda a instalações de conversão chinesas”, afirmou.
Recurso estratégico
Outros países também buscam ampliar a oferta. No Chile, uma comissão governamental deverá fornecer diretrizes até o fim do ano para empresas privadas que quiserem iniciar operações de lítio, segundo a ministra da Mineração, Aurora Williams. O lítio é considerado um recurso estratégico no país sul-americano, que não concede licenças a empresas há mais de duas décadas.
Por enquanto, a Austrália continua mais associada ao minério de ferro, e o país é o maior exportador da matéria-prima, com remessas em ritmo recorde. Ainda assim, as empresas de recursos naturais têm reduzido os investimentos em aumentar a capacidade após um período de crescimento vertiginoso. A BHP Billiton, por exemplo, anunciou o fim da era de grandes expansões da matéria-prima usada na fabricação do aço em 2014.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.