Por Cristiane Lucchesi e Felipe Marques
Bradesco, o segundo maior banco da América Latina em valor de mercado, vai aumentar sua carteira de empréstimos em pelo menos 10 porcento no próximo ano, em meio à expectativa de que o novo governo promova políticas favoráveis ao mercado e aumente o crescimento econômico, disse o presidente Octavio de Lazari.
“Projetos por muito tempo esperados estão saindo da gaveta”, disse em uma entrevista na sede da Bloomberg em Nova York, onde o banco promove um encontro para investidores. As propostas do novo governo, de “reforma da Previdência Social, independência do Banco Central e simplificação fiscal” são um “clamor” popular e dos investidores.
A vitória do deputado conservador Jair Bolsonaro na eleição presidencial de outubro pode ajudar os bancos brasileiros à medida que as reformas prometem anos de forte crescimento dos lucros, segundo analistas do Morgan Stanley escreveram em um relatório na semana passada. O Bradesco está apostando no crescimento e vê os empréstimos para empresas como “uma missão”, disse Lazari. O banco também continuará impulsionando o crédito para pessoas físicas, com foco em crédito imobiliário, veículos e crédito consignado.
Os bancos apresentarão ao novo governo uma proposta para reduzir as margens de spread bancário, para reduzir os juros dos empréstimos na maior economia da América Latina, disse ele. O Bradesco espera que a demanda por crédito aumente em 2019, quando a economia deverá crescer 2,8 porcento, acima dos 1,03 porcento nos 12 meses encerrados em 30 de junho.
O volume total de empréstimos do banco para grandes corporações aumentou 6,7 porcento nos 12 meses até setembro, para R$ 239 bilhões, de acordo com seu último balanço. Isso é mais do que qualquer outro banco no país, enquanto alguns concorrentes ainda estão recuando após mais de dois anos de recessão e uma investigação de corrupção que reduziu a qualidade do crédito das empresas. Itaú Unibanco, o maior banco da América Latina em valor de mercado, registrou redução de 2,2 porcento no mesmo período, para R$ 196,3 bilhões.
O Bradesco está disposto a financiar fusões e aquisições por conta própria, em vez de distribuir crédito a investidores ou fazer parte de um grupo de bancos. Entre os financiamentos deste ano, está uma debênture de R$ 4,68 bilhões, totalmente subscrita pelo banco, que fazia parte de um pacote de financiamento para a produtora de celulose Suzano Papel e Celulose para a aquisição da Fibria Celulose.
O lucro líquido dos três primeiros trimestres aumentou 11 porcento em relação ao ano anterior, para R$ 15,7 bilhões. O retorno sobre o patrimônio líquido, uma medida de rentabilidade, atingiu 18,7 porcento, abaixo dos 21,7 porcento do Itaú e dos 19,4 porcento do Banco Santander Brasil.
A carteira de crédito total do Bradesco aumentou 7,5 porcento no terceiro trimestre em relação ao ano anterior. As provisões para cobrir perdas com créditos inadimplentes caíram quase 24 porcento desde o terceiro trimestre de 2017, para R$ 3,5 bilhões.
Os analistas do Morgan Stanley disseram que “o Bradesco parece estar um passo atrás de seus pares para ajustar seu modelo de negócios para competir com as empresas de fintech”. Lazari disse que o banco está lidando com essa questão.
O Next, o banco por celular do Bradesco, está abrindo cerca de 5 mil contas por dia após o lançamento há um ano e meio, e se pagará a partir de junho do próximo ano, disse ele. A integração das corretoras do banco com os negócios de private banking e de alta renda, iniciada no início deste ano, ajudará a criar uma plataforma de investimento única, disse Lazari.
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