BRAM impulsiona ganhos com juros em mínima histórica

Por Felipe Marques, Cristiane Lucchesi e Vinícius Andrade.

Os brasileiros estão em busca de investimentos de mais risco, e isso está aumentando o lucro de uma das maiores gestoras de recursos de terceiros do país.

Os ganhos da Bradesco Asset Management, que gerencia R$ 597 bilhões, estão subindo mesmo depois de R$ 40 bilhões em saídas líquidas de recursos neste ano, segundo o presidente Ricardo Almeida. Isso se deve à crescente demanda por produtos de maior rendimento, como fundos hedge e fundos de ações, disse Almeida em uma entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo.

“As saídas foram de alguns clientes corporativos selecionados e não afetaram nossos retornos porque tivemos captação líquida positiva em estratégias de alto valor agregado”, disse Almeida, acrescentando que as margens estão em alta pelo terceiro ano consecutivo. Ele também citou fund of funds e fundos de gestão ativa de renda fixa, nos quais os gestores podem cobrar taxas de administração mais altas do que em produtos tradicionais de renda fixa.

O retorno sobre ativos da BRAM, como é conhecida a terceira maior empresa de gestão de recursos de terceiros do Brasil, aumentou 10 porcento este ano em relação a 2017 e aumentou 15 porcento em relação a dois anos atrás, disse Ricardo Eleuterio, superintendente de produto e de operações.

A taxa básica de juros do Brasil está no nível mais baixo da história desde março, levando muitos investidores a buscar retornos mais altos em outros lugares. A indústria de fundos de hedge registrou entradas líquidas de R$ 39 bilhões neste ano até julho, mais de três quartos do total de R$ 45,4 bilhões arrecadados por todos os tipos de fundos, segundo a Anbima, associação do mercado de capitais do país. Na BRAM, os fundos de hedge passaram de R$ 3 bilhões para R$ 20 bilhões no último um ano e meio, disse Almeida.

Os fundos de ações da BRAM aumentaram de R$ 10 bilhões para R$ 14 bilhões, disse ele, e o total investido em fundos de dividendos subiu de R$ 800 milhões para R$ 2,2 bilhões.

“As taxas de juros estão em um patamar recorde de baixa, e isso explica essa migração de recursos para produtos mais sofisticados”, disse Sergio Magalhães, novo superintendente executivo da área comercial da BRAM. Anteriormente, Magalhães era superintendente executivo da área comercial de private banking do Bradesco, responsável por clientes de ultra alta renda, institucionais, além de family offices. Ele ajudará a BRAM a atender a esses clientes exigentes, disse Almeida.

Apesar da incerteza sobre a eleição presidencial no mês que vem, “há certeza de que o Federal Reserve continuará aumentando as taxas de juros, provavelmente para 3,5% até o final do próximo ano – mais do que a expectativa média dos economistas e mais do que está na curva de juros dos EUA ”, disse Marcelo Cirne de Toledo, economista-chefe e novo chefe de renda fixa da BRAM. “E isso é um vento contrário aos mercados emergentes.”

O vento contrário faz com que seja ainda mais urgente que o Brasil retome as reformas fiscais e da Previdência, disse Cirne, acrescentando que a previsão da BRAM é de que isso aconteça no próximo ano e ajude a estabilizar a taxa de câmbio.

Os clientes precisam diversificar, abrindo mão do conforto de investir em altas taxas de juros e produtos de liquidez diária, como o CDI, disse Almeida. A tendência é uma das principais razões pelas quais as margens de lucro no setor de serviços financeiros vêm crescendo nos últimos anos. “Estou muito otimista de que isso continuará acontecendo”, disse ele.

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