Por Isis Almeida e Tatiana Freitas.
Os EUA saem como grandes perdedores após a decisão do Brasil de abrir seu mercado para o trigo da Rússia, o maior exportador do grão.
Com a concorrência maior, é improvável que os EUA, segundo maior exportador mundial, consigam ampliar as remessas para o Brasil em meio à escassez na Argentina, maior fornecedora da América do Sul, segundo a consultoria AgResource, com sede em Chicago. Antigamente, os carregamentos americanos para o Brasil ajudavam a respaldar os contratos futuros do trigo negociados em Chicago.
“O trigo russo agora pode entrar no Brasil e novamente o trigo norte-americano compete com outro fonte”, disse Matt Ammermann, gerente de risco de commodities da INTL FCStone, em relatório enviado por e-mail.
Com a expansão da produção de trigo na Rússia, estima-se que o país tenha ampliado sua participação no mercado global de exportação para 18 por cento nesta safra, ante menos de 1 por cento no início do século. A fatia dos EUA caiu quase pela metade no mesmo período. Os preços mais baixos — graças à colheita recorde e à desvalorização do rublo — tornaram o grão do país do Mar Negro mais atraente para os compradores estrangeiros.
Na quarta-feira, o Brasil suspendeu algumas restrições à importação do trigo russo para processamento em moinhos determinados pelo Ministério da Agricultura. A medida deve ajudar a facilitar a retomada das exportações brasileiras de carne para a Rússia, disse Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“O Brasil permitirá importações de trigo russo por decreto e espera, assim, normalizar o comércio de carne com Moscou”, afirma a AgResource. “Os EUA saem perdendo com a decisão.”
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