Por Megan Durisin e Tatiana Freitas.
A projeção de que o Brasil terá sua maior safra de soja da história sinaliza que o país irá mais uma vez superar os EUA e ficar em primeiro lugar entre os exportadores mundiais da commodity — e será o principal fator a amortecer o preço.
Um olhar sobre os 7.000 hectares de soja plantados por Osvaldo Pasqualotto mostra o porquê. O produtor de 54 anos de Rondonópolis, Mato Grosso, o maior estado produtor do Brasil, colheu 80 por cento da lavoura. Graças ao clima bom e ao uso de mais fertilizantes, os rendimentos são 12 por cento maiores, em média, que os do ano passado — os melhores que ele já viu em 35 anos de cultivo.
O Brasil está projetando os maiores rendimentos da história e o governo dos EUA previu na semana passada que seu rival sul-americano vai colher mais do que o projetado pelos analistas. O Brasil poderá superar seu recorde de produção anterior em mais de 10 por cento, solidificando seu lugar como maior exportador — posição que os EUA dominaram durante décadas, até 2013. Com a oferta crescente, os preços da soja atingiram o menor patamar em dois meses e os hedge funds reduziram suas apostas na recuperação pela terceira semana seguida.
“O fato de eles terem uma safra maior significa para mim que os EUA continuarão em segundo lugar durante mais um tempo”, disse Joe Lardy, gerente de pesquisa da CHS Hedging em Inver Grove Heights, Minnesota, EUA. “Prevejo uma concorrência muito intensa daqui para frente.”
A posição líquida comprada da soja, ou a diferença entre as apostas no aumento e na queda dos preços, teve declínio de 3 por cento, para 127.638 futuros e opções, na semana que terminou em 7 de março, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA, divulgados três dias depois. Este é o nível mais baixo desde 10 de janeiro. Os futuros da soja para maio negociados em Chicago caíram 3 por cento na semana passada, para US$ 10,065 o bushel, maior perda do tipo desde 23 de dezembro. Eles apresentavam pouca mudança na segunda-feira, a US$ 10,0675.
O Brasil tem superado os EUA consistentemente como maior exportador de soja desde o ano-safra que terminou em 2013. Os agricultores americanos começaram a reduzir a diferença em 2015, quando ficaram atrás de seus concorrentes sul-americanos por pouco menos de 470.000 toneladas, mostram dados do Departamento da Agricultura dos EUA. Mas a diferença aumentou para 1,7 milhão de toneladas em 2016 e neste ano o Brasil deverá disparar em relação aos EUA, com uma diferença de 5,9 milhões de toneladas.
O ritmo de exportação do Brasil em janeiro e fevereiro foi o mais elevado da história para essa época do ano, com 4,4 milhões de toneladas exportadas. A programação de navios sugere que pelo menos 10,8 milhões de toneladas serão exportadas em março, segundo dados da agência de navegação brasileira Williams. A quantidade seria recorde para o mês, mostram números do governo.
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