Por Fabiana Batista.
Os órgãos reguladores brasileiros aprovaram a primeira cana-de-açúcar geneticamente modificada do mundo. O país, que é o maior produtor dessa commodity, tenta recuperar a competitividade perdida nos últimos anos.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou na quinta-feira que o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), uma empresa de pesquisa privada, comercialize no Brasil uma cana-de-açúcar transgênica. A variedade modificada torna a planta resistente ao inseto conhecido como broca da cana, afirmou a companhia.
Embora o País continue sendo o maior produtor e exportador de açúcar, nos últimos anos os produtores brasileiros enfrentaram uma concorrência mais acirrada das crescentes safras de cana de outros países. Ao mesmo tempo, produtores de açúcar de beterraba usaram a tecnologia de modificação genética para aumentar suas safras. A broca da cana é a praga mais grave a afetar a safra brasileira e provoca prejuízos anuais de cerca de R$ 5 bilhões (US$ 1,5 bilhão) para os produtores do país, disse Gustavo Leite, presidente do CTC, em uma entrevista.
Embora a cana-de-açúcar transgênica seja relativamente nova, o milho transgênico é variedade atualmente dominante nos EUA, principal produtor, e a ciência de cultivos também ajudou imensamente a aumentar a produtividade da soja.
‘Revolução’ da produção
“Esse inseto vai morrer assim que morder a cana”, disse Leite. “Vai ser uma revolução para os produtores, porque isso reduzirá as despesas do combate a essa praga e limitará o impacto do inseto sobre a produtividade da cana-de-açúcar.”
A assessoria de imprensa da CTNBio confirmou a aprovação e afirmou que a cana transgênica ainda precisa ser avaliada e registrada pelo Ministério da Agricultura.
Ainda vai levar cerca de três anos para que a área de cana-de-açúcar transgênica seja cultivada comercialmente, porque as usinas precisarão de tempo para reproduzir as mudas, disse Leite. Durante esse período, a empresa também se empenhará para conseguir a aprovação para a variedade transgênica da planta em países que importam açúcar do Brasil, disse ele.
A cana-de-açúcar transgênica tem potencial para exercer uma “enorme influência” na oferta futura, disse José Orive, presidente da Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês), em entrevista no dia 9 de maio, quando comentou a possibilidade de aprovação no Brasil.
A “experiência da Europa e dos EUA com as beterrabas transgênicas mostra que existe um potencial significativo para aumentar os rendimentos”, disse Orive.
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