Brasil e México são opções para fugir de retorno negativo

Por Marcus Wong com a colaboração de Matt Turner e Hannah Dormido.

Investidores globais estão em um beco sem saída. Por um lado, um mercado com US$ 13 trilhões em títulos de dívida com rendimento negativo, grande parte de países desenvolvidos; e, por outro, economias em desenvolvimento vulneráveis a choques externos que poderiam acabar com ganhos acumulados em um ano em algumas semanas.

Embora pareça que o capital de risco não tenha para onde ir hoje em dia, um olhar mais atento encontrará oportunidades que ajudarão a superar as turbulências atuais e futuras: guerras comerciais, desaceleração global e conflitos geopolíticos. Uma exposição seletiva a um grupo de economias emergentes poderia oferecer melhores probabilidades de ganhos de capital nos próximos 18 meses, segundo estudo da Bloomberg sobre estabilidade financeira, perspectivas de crescimento econômico e de afrouxamento monetário.

Aqui está a surpresa: os países que se destacaram no estudo incluem os que passaram por turbulências consideráveis nos últimos cinco anos e que têm lentamente, mas de forma consistente, lançado as bases para melhorar as condições econômicas daqui para a frente.

Começando com taxas básicas de juros mais altas do que em países desenvolvidos, a recente inclinação dovish do Federal Reserve e do Banco Central Europeu proporcionou margem de manobra suficiente para algumas economias de mercados emergentes. Quando analisados em relação aos retornos oferecidos, Brasil, México, Rússia e Filipinas se destacam.

As oportunidades podem estar em qualquer lugar do mapa e cada país pode ter problemas idiossincráticos únicos. Mas há um ponto em comum entre os mercados selecionados. A maioria deles está fora do alvo imediato das guerras comerciais (China e União Europeia), oferece rendimentos reais mais altos e pode apresentar algumas das melhores taxas de crescimento até o fim de 2020.

A cereja do bolo: à medida que as expectativas de redução dos juros aumentam, investir em títulos desses países com os rendimentos atuais pode ser lucrativo.

Principais destaques:

O Brasil, sem surpresa, lidera a liga diante do otimismo dos investidores com a aprovação da reforma da Previdência no primeiro turno de votação da Câmara de Deputados, o que poderia resultar em economias de R$ 900 bilhões (US$ 242 bilhões), caso o texto seja aprovado na versão atual. O Brasil poderia perder a vantagem já que as apostas dovish devem ser reforçadas caso a reforma final seja aprovada.

Até agora os investidores têm preferido o México, com o peso entre as duas moedas com melhor desempenho no ranking contra o dólar este ano na América Latina. No entanto, a renúncia inesperada do então ministro da Fazenda, Carlos Urzua, traz agora um risco político.

O mercado também aposta em um corte dos juros pelo Banco da Rússia diante da desaceleração da economia no segundo trimestre. O governo russo planeja dar impulso à economia com um programa de infraestrutura de US$ 400 bilhões.

Polônia, Romênia e Malásia estão na lanterninha devido às perspectivas de crescimento mais pessimistas. No caso da Polônia e da Romênia, os analistas esperam políticas monetárias menos expansionistas. Na Malásia, a previsão é que as pressões inflacionárias retornem no próximo ano.

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