Por Karl Lester M. Yap e Yumi Teso.
A perspectiva de volatilidade nos mercados financeiros está deixando os investidores mais seletivos em relação aos mercados emergentes. A Ásia está se destacando pela resistência em termos de métricas econômicas.
Entre 22 economias em desenvolvimento, Taiwan e Tailândia lideram em saldo em conta corrente, enquanto Brasil e Hungria se sobressaem pelo tamanho de suas dívidas, de acordo com dados compilados pela Moody’s Investors Service.
“Ativos de mercados emergentes eram comprados no atacado, mas nem toda economia continuará atraindo investidores estrangeiros a partir de agora”, disse Tsutomu Soma, gerente-geral do departamento de consultoria financeira independente da SBI Securities, em Tóquio. “A Ásia se destaca politicamente e economicamente. A América Latina e a Europa enfrentam questões políticas, enquanto o Oriente Médio tem riscos geopolíticos.”
Embora os ativos de mercados emergentes tenham recuperado parte das perdas de fevereiro, outra rodada de volatilidade pode surgir em breve, ao passo que o rendimento dos títulos do Tesouro americano de referência se aproxima de 3 por cento com a expectativa de política monetária mais apertada nos EUA.
Segue abaixo uma comparação dos indicadores econômicos em uma amostra com 22 países em desenvolvimento.
Conta corrente
A Turquia terá o maior déficit em conta corrente neste ano, equivalente a 4,5 por cento do PIB, seguida de Argentina e Colômbia, de acordo com a Moody’s. Já Taiwan, Tailândia e Coreia do Sul terão os maiores superávits, ultrapassando 5 por cento do PIB.
Em se tratando de moedas, países com sólidos superávits em conta corrente, vastas reservas cambiais e posicionamento relativamente pequeno de investidores estrangeiros provavelmente irão bem mesmo em um ambiente de maior volatilidade, na opinião de Divya Devesh, estrategista de câmbio para a Ásia da Standard Chartered, em Cingapura.
A Standard Chartered continua com uma visão positiva do baht tailandês, mas espera que o peso filipino siga com desempenho inferior devido “ao modesto déficit em conta corrente e ao banco central pouco envolvido”, segundo o estrategista.
Contas públicas
O Brasil terá o maior déficit no orçamento em 2018, equivalente a 8 por cento do PIB, e somente República Tcheca e Coreia do Sul registrarão superávits nas contas públicas, segundo a Moody’s.
“Títulos soberanos de países com fundamentos mais fortes provavelmente estarão na melhor posição para enfrentar a volatilidade dos fluxos de capital”, disse Anushka Shah, analista de créditos soberanos da Moody’s, em Cingapura. “Entre as características que aumentam a vulnerabilidade estão necessidades de financiamento refletidas em desequilíbrios fiscais e/ou externos, além de níveis de alavancagem relativamente altos.”
Endividamento
O Brasil também se sobressai pela maior dívida pública, equivalente a quase 80 por cento do PIB neste ano, segundo a Moody’s. Na outra ponta está a Rússia, com dívida equivalente a apenas 14 por cento do PIB.
Reservas internacionais
Países com reservas robustas estarão mais resistentes a choques externos — razão para otimismo em relação a seus ativos. Governos que usam fontes de financiamento externo para bancar suas dívidas — como Indonésia, Peru, Argentina e Turquia — estariam vulneráveis a freadas bruscas ou saídas de capital, segundo Shah, da Moody’s.
Títulos soberanos de países com déficits em conta corrente substanciais ou cujas obrigações de serviço da dívida externa no próximo ano são maiores do que suas reservas cambiais atualmente — como Chile, Argentina, Malásia, Hungria, Romênia e Turquia – seriam os mais impactados, disse Shah.
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