Notícia exclusiva por Josué Leonel.
As contas externas brasileiras tiveram em maio o melhor resultado do ano e vieram melhores do que apontavam as expectativas do mercado. A razão para esta melhora, contudo, está mais ligada à deterioração da atividade econômica neste começo de ano do que a qualquer ganho de competitividade do País.
O déficit em conta corrente caiu para US$ 3,4 bilhões, menos da metade dos US$ 7,8 bilhões de maio do ano passado. O investimento estrangeiro direto, por sua vez, subiu para US$ 6,6 bilhões, no melhor resultado mensal do ano, embora ainda inferior aos US$ 9,6 bilhões de maio de 2014.
Os principais tópicos que mostram melhora nas transações correntes do País com o exterior refletem a queda do consumo diante da recessão. Com menor renda e dólar mais alto, o brasileiro consome menos produtos importados e viaja menos ao exterior. As importações em maio despencaram 30% sobre mesmo mês do ano passado. Isso garantiu a redução do déficit comercial mesmo com as exportações tendo caído 19%.
O Brasil passa por um “grande sacrifício” para ajustar suas contas externas, diz Luis Afonso Lima, economista da Mapfre Investimentos que também preside a Sobeet, Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica.
Mesmo o aumento dos investimentos estrangeiros diretos, segundo Lima, deve ser relativizado em maio. Isso porque o dado foi bastante concentrado em recursos de um único país, a Espanha, e em um único setor, o de teleconomunicações. Em maio, a Telefonica aprovou a incorporação da GVT.
Um ajuste mais virtuoso da economia, que envolva também o crescimento das exportações, pode exigir um real mais depreciado. Afonso Lima prevê dólar acima de R$ 3,30 no final do ano. Além da desvalorização do câmbio, aumento das exportações também depende de reformas que ajudem a aumentar competitividade das empresas do País. Parceiros externos como China e Argentina, que passam por desaceleração, também teriam de ajudar reacelerando as compras de produtos brasileiros.
Mesmo sem estes fatores, as contas externas tendem a continuar com o ajuste visto em maio. Mas o custo deste processo continuará sendo alto. Se não exportar mais, só restará ao Brasil cortar as importações e outros gastos no exterior.
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