Brasil pode ser mais agressivo no mercado de café neste ano

Por Fabiana Batista.

O Brasil informou que sua produção de café pode subir e atingir um recorde neste ano, um indicativo de que o maior produtor de café do mundo exportará mais agressivamente para tentar recuperar o mercado perdido para outros países.

A produção pode aumentar até 30 por cento, para 58,5 milhões de sacas, informou a Conab na quinta-feira, em sua primeira estimativa para a temporada (cada saca pesa 60 quilos). O volume supera uma estimativa recente de 53,2 milhões do IBGE e está quase em linha com a projeção do Rabobank, de 59 milhões.

A magnitude do aumento não é totalmente inesperada porque a temporada 2018 é a safra de alta produtividade do ciclo bienal da cultura do café. Mas o clima favorável recente provavelmente aumentará a produtividade, disse Aroldo Neto, superintendente de informações do agronegócio da Conab, em entrevista, de Brasília.

“A floração do café foi excelente nas áreas do arábica e do robusta”, disse Neto. “As árvores estão em condições muito boas.”

A força da colheita deste ano pode obrigar os produtores a começar a oferecer estoques de grãos da safra de 2017, disse Nelson Salvaterra, corretor da Coffee New Selection, com sede no Rio de Janeiro, por telefone.

As remessas brasileiras de café verde, como os grãos não torrados muitas vezes são chamados, caíram 10 por cento em 2017, atingindo o menor patamar em cinco anos, em parte porque os produtores estavam acumulando estoque à espera de preços melhores. Isso reduziu a participação do país no mercado global de exportação em 3 pontos percentuais, para 26 por cento, informou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

“O Brasil terá que lutar para recuperar” sua participação no mercado “sendo mais competitivo no preço”, disse Salvaterra. “Mas os concorrentes do País também podem brigar para manterem sua fatia do bolo.”

A projeção geral é de que a oferta global de café excederá a demanda na safra 2018-19 devido à produção maior no Brasil, no Vietnã e na América Central. No ano passado, os preços das variedades robusta e arábica registraram alguns dos piores desempenhos entre as principais commodities monitoradas pela Bloomberg devido à perspectiva de amplo excedente.

A produção brasileira do grão arábica, a variedade utilizada por empresas de cafés especiais como o Starbucks, pode aumentar 30 por cento neste ano, para 44,6 milhões de sacas, também segundo a Conab na quinta-feira. A colheita do robusta, severamente afetada pela estiagem nos últimos anos, tirou proveito da melhora recente das condições climáticas. Aumentará até 30 por cento, para 14 milhões de sacas, informou a Conab.

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