Brasil retorna a níveis ‘pré-junk’ com apostas em Temer

Por Julia Leite e Paula Sambo, com a colaboração de Ney Hayashi.

A tentativa do presidente interino do Brasil, Michel Temer, de reparar as finanças do país está conquistando os operadores do mercado de derivativos.

O custo de proteção contra prejuízos dos títulos do Brasil com swaps de crédito (CDSs, na sigla em inglês) recuou em quase um terço nos últimos seis meses, a maior queda entre as principais economias do mundo. Os swaps estão de volta aos níveis que vigoravam antes da S&P Global Ratings rebaixar o rating do país para junk (grau especulativo), em setembro do ano passado.

A virada faz parte da recuperação dos ativos financeiros do Brasil neste ano impulsionada pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo para enfrentar o julgamento do impeachment. Desde que assumiu as rédeas, no mês passado, Temer propôs limitar gastos para ajudar a reduzir o déficit orçamentário quase recorde e fechou um acordo para amenizar a crise fiscal que atinge os estados brasileiros em meio à pior recessão em mais de um século.

“É relevante a melhora das expectativas quanto ao efeito positivo que as medidas econômicas que estão sendo tomadas pelo governo Temer podem ter na economia”, disse Leonardo Monoli, sócio e diretor da Jive Asset.

Contudo, nem todos estão convencidos de que o novo governo seja capaz de conter a deterioração da maior economia da América Latina.

“Estou um pouco cético em relação ao que este governo pode alcançar”, disse Maarten-Jan Bakkum, estrategista sênior da NN Investment Partners, que administra US$ 211 bilhões. “Especificamente em relação à perspectiva para a reforma fiscal, acho que na verdade os investidores estão confiantes demais”.

O produto interno bruto encolherá 3,5 por cento neste ano, segundo estimativas dos analistas, após uma contração de 3,8 por cento em 2015.

O Banco Central disse na sexta-feira que a economia tem fundamentos fortes para enfrentar as consequências do referendo em que o Reino Unido decidiu sair da União Europeia, citando as reservas internacionais do Brasil. O real caiu apenas 1,1 por cento naquele dia, saindo-se melhor do que a maior parte das demais moedas importantes.

“O ‘Dilmexit’ superou o Brexit”, disse Monoli.

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