Por John Micklethwait e Walter Brandimarte.
O Brasil modificará sua estimativa de crescimento para 2017 depois que o FMI reduziu a menos da metade sua projeção, para um nível perto da estagnação, disse o ministro da Fazenda Henrique Meirelles em Davos.
“Vamos revisar em cerca de duas semanas”, disse Meirelles em entrevista ao editor-chefe da Bloomberg News, John Micklethwait. O crescimento para 2017 será “um número baixo por causa da profundidade extrema da recessão e do carregamento estatístico, que derruba o número.”
Embora as ações brasileiras tenham subido cerca de 20 por cento desde que o presidente Michel Temer tomou posse em maio passado e nomeou Meirelles como seu Ministro da Fazenda, a recuperação da economia real tem sido difícil, porque o desemprego continua aumentando e o consumo das famílias permanece estagnado. Altamente respeitado por causa dos oito anos em que dirigiu o Banco Central na década passada, Meirelles deu credibilidade aos planos de austeridade fiscal e reformas econômicas de Temer, o que alimentou esperanças de que o Brasil sairia rapidamente da pior recessão de sua história.
No entanto, o otimismo em relação à recuperação do Brasil está desaparecendo e os economistas estão reduzindo suas projeções para o PIB em 2017. Na segunda-feira, o FMI estimou que a maior economia da América Latina crescerá apenas 0,2 por cento neste ano — menos que o 0,5 por cento projetado por economistas em uma pesquisa semanal do Banco Central.
Ao ser perguntado se o Brasil reduzirá sua projeção de crescimento de 1 por cento neste ano para algum ponto mais próximo das expectativas do mercado e do FMI, Meirelles respondeu: “Vamos esperar para ver”.
O governo espera que a reforma previdenciária seja aprovada pelo Senado no fim de maio ou começo de junho e já preparou um plano de contingência caso o projeto não passe pelo Congresso, disse Meirelles. Existe uma forte oposição à reforma porque ela eleva para 65 anos a idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres e exige no mínimo 25 anos de contribuições ao sistema.
Plano B
“Se por algum motivo a reforma da previdência não for aprovada, existem várias outras medidas possíveis: a primeira é cortar despesas e incentivos fiscais e, evidentemente, como último recurso, aumentar os impostos”, disse ele.
O governo continua concentrado em conter as expectativas de inflação e está deixando que o Banco Central trabalhe de forma independente para reduzir a taxa básica Selic, que atualmente é de 13 por cento, disse ele.
Na ata da última reunião de política monetária do banco, divulgada nesta terça-feira, as autoridades disseram que o corte de 75 pontos básicos na semana passada ajudaria a estabilizar e a reativar a atividade econômica sem se desviar da meta de levar a inflação para 4,5 por cento em 2017 e 2018.
Dos poucos sucessos econômicos palpáveis da gestão de Temer, a desaceleração da inflação e a queda da taxa básica de juros estão entre os mais notáveis. A inflação anual caiu de 10,71 por cento em janeiro de 2016 para 6,29 por cento.
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