Brexit dá nova oportunidade de estrelato financeiro a Frankfurt

Por Steven Arons e Gavin Finch.

E o vencedor do Brexit é… Frankfurt? Será? A cidade localizada às margens do rio Meno deseja há décadas se estabelecer no mapa global. Quis se tornar a nova capital da Alemanha Ocidental após a Segunda Guerra Mundial, mas perdeu a disputa para a provinciana Bonn. Após a introdução do euro, Frankfurt tentou ser rival de Londres como centro financeiro da Europa, mas nunca chegou ao mesmo patamar.

Como o Reino Unido está virando as costas para o continente e os bancos vêm tomando medidas para garantir que continuarão tendo acesso ao mercado comum, a cidade de cerca de 700.000 habitantes está ganhando mais uma chance de subir de nível. Nas últimas semanas, mais bancos afirmaram estar inclinados a optar por “Mainhattan”, apelido dado pelos habitantes locais a seu distrito bancárioque é um trocadilho com o nome do rio, que em alemão se chama “Main”,como nova base na UE. Standard Chartered, Nomura Holdings, Sumitomo Mitsui Financial Group e Daiwa Securities Group escolheram a cidade. Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley avaliam uma decisão similar.

“Frankfurt se tornou a principal candidata a receber as operações bancárias que estão saindo de Londres”, disse Hubertus Vaeth, diretor-gerente da Frankfurt Main Finance, uma organização do setor. “Frankfurt e toda a região estão colhendo benefícios claros.”

A animação é compreensível, mas até mesmo quem apoia Frankfurt admite que o impacto real será limitado. A realocação pós-Brexit provavelmente ocorrerá aos poucos, e não de uma vez, e cada banco transferirá no máximo algumas centenas de empregos. As transferências não acontecem de uma vez, e sim progressivamente ao longo do tempo, disse Oliver Wagner, diretor-gerente da Associação dos Bancos Estrangeiros na Alemanha, que está promovendo Frankfurt.

“Somente algumas centenas de pessoas serão realocadas de Londres para Frankfurt nos próximos anos”, disse ele. No total, Frankfurt poderia receber até 5.000 empregos por causa do Brexit, estima Wagner.

O número é insuficiente para afetar o Global Financial Centres Index, uma lista bastante citada que classifica os centros financeiros do mundo. Frankfurt ocupa o distante 23º lugar, atrás de Shenzhen e pouco acima de Seul. Londres está em primeiro, antes de Nova York.

“Frankfurt não tem amplitude em diversas áreas, como seguros, resseguros, gestão de ativos, serviços jurídicos, financiamento do comércio e outras”, disse Michael Mainelli, cofundador da Z/Yen Group, o think tank que compila o índice. “Basicamente, Frankfurt sempre se limitou a ser um centro financeiro para dois grandes bancos de investimento, sendo que nenhum deles está particularmente saudável.”

Na segunda-feira, o Sumitomo Mitsui Financial, segundo maior banco do Japão em valor de mercado, afirmou que decidiu criar unidades bancárias e de títulos em Frankfurt para manter seus negócios na UE após o Brexit. A medida foi tomada menos de uma semana depois que a Nomura, a maior empresa de títulos do Japão, afirmou que solicitou uma licença para operar uma nova entidade em Frankfurt.

Em Wall Street, o Goldman Sachs planeja mais que dobrar seu número de funcionários em Frankfurt, para 400, ao mesmo tempo em que começa a retirar pessoal de Londres, e o CEO Lloyd Blankfein afirmou publicamente que o banco engavetou o plano de transferir mais operações importantes para o Reino Unido. O Morgan Stanley está perto de escolher Frankfurt para sua base ampliada na UE, disseram pessoas com conhecimento do assunto em 22 de junho.

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