Brexit foi de mal a pior para alemão que vende comida em Londres

Por Gavin Finch.

No início, Malte Klemt tomou a decisão certa no mercado cambial para mitigar o efeito da queda da libra após o Brexit. Mas sua situação só piorou nos 11 meses posteriores à votação.

O aumento dos preços, a queda dos lucros e as dúvidas sobre permanecer no Reino Unido assolam o empresário nascido na Alemanha que trocou uma carreira no comércio de commodities por um food truck no coração de Londres.

O chef de 42 anos mostra como as implacáveis pressões do Brexit permeiam a economia, mesmo para quem se precaveu. Antes do referendo do terceiro trimestre do ano passado, Klemt, que importa carne de salsicha da Alemanha para vender em uma van Mercedes-Benz adaptada, comprou de seu banco o equivalente em euros de milhares de libras através de contratos de futuros cambiais. Quando a libra esterlina despencou para seu valor mais baixo em mais de seis anos em relação ao euro, ele estava protegido. Mesmo assim, o lucro caiu mais de 10 por cento.

“Eu fixei as taxas com meu banco, então a maior parte da queda da libra estava coberta”, diz Klemt. “O futuro cambial estava bastante barato porque ninguém achava que o Brexit realmente aconteceria. Se eu colocasse em um hedge agora seria muito caro e os mercados estariam voláteis demais.”

Aumento de custos

No mês passado, seu fornecedor elevou o preço da carne da bratwurst em 22 por cento, citando a queda na libra. As tarifas adicionais impostas às importações se o Reino Unido sair da União Europeia sem um novo acordo comercial poderia obrigá-lo a fechar as portas, diz ele.

“O Brexit tem sido um grande problema para nós e me fez questionar se eu quero ficar no Reino Unido”, disse Klemt enquanto tomava cervejas – britânicas, e não alemãs – perto do Borough Market de Londres. “Além do aumento dos custos de fazer negócios, está o fato de ser estrangeiro em uma cidade que, de repente, parece muito menos aberta que antes.”

Ele não disfarça a frustração. Exibidas de modo proeminente abaixo da janela de atendimento de seu caminhão branco estilo retrô, letras de ímã de geladeira soletram “NÃO AO BREXIT”.

Para compensar parte do aumento dos custos de importação, Klemt recentemente elevou o preço da oferta de almoço para 7,50 libras e reduziu o tamanho das porções, mas receia que os clientes não conseguirão engolir mais aumentos.

A funcionária administrativa Danielle Williams, na fila para comprar um currywurst no caminhão de Klemt, que fica na região de Paddington Basin, confirma que os receios de Klemt não são infundados.

“Tento gastar o mínimo possível no almoço e não pagaria mais que 7,50 libras”, disse Williams. “É um prazer não comer sanduíches em minha mesa uma vez por semana.”

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