Por Chris Hughes.
As novas emissões de ações das empresas britânicas deveriam figurar entre as maiores vítimas da decisão do Reino Unido, em referendo, de deixar a União Europeia. Mas na verdade elas podem estar recebendo um impulso com o Brexit graças às condições extraordinárias do mercado de ações europeu.
O verão europeu é um momento de calmaria em termos de lançamento e precificação de IPOs, mas o ambiente atual dificilmente poderia ser mais propício para a venda de novas ações. O EURO STOXX 50 Volatility Index atingiu ontem o menor patamar no ano, 18,29. Baixa volatilidade e IPOs têm uma correlação razoável. Os mercados também estão subindo. O índice de capitalização média FTSE 250 subiu 1,5 por cento neste ano; o FTSE 100 de empresas blue chip, subiu 10 por cento.
A atividade britânica de IPOs teve uma redução antes do referendo de junho, com uma queda de 51 por cento nos volumes no primeiro semestre. O voto pelo “não” e o choque subsequente no mercado geraram o risco de que a queda fosse permanente. As aberturas de capital que ocorreriam em um cenário de permanência na UE, como a da TI Automotive, fabricante de autopeças da Bain Capital, teriam sido suspensas.
A rápida recuperação do mercado mudou tudo e negócios sobre os quais não se falava antes do Brexit agora estão ativos. A Vista Equity Partners está preparando um possível IPO de US$ 5 bilhões da Misys, o grupo de softwares britânico que se tornou privado em junho de 2012, reportou a Bloomberg News. Este é um bom presságio para o renascimento de outros negócios quando os investidores voltarem de suas férias, em setembro. Com uma política monetária britânica mais rígida, qualquer nova emissão que ofereça uma possibilidade de dividendos provavelmente atrairá interesse. Um grande teste para a saúde do mercado seria o IPO da operadora de telefonia celular O2, da Telefónica.
Para as empresas que já têm capital aberto, contudo, as condições podem ser ruins para uma venda de ações. Os volumes no FTSE All-Share durante as operações matutinas caíram de maneira constante neste mês em relação à média de 20 dias, embora o índice tenha subido 2 por cento. Uma grande venda em bloco pode fracassar completamente.
Trata-se de um lembrete do delicado equilíbrio da situação. O mercado britânico parece ter experimentado uma mudança de qualificação devido à desvalorização da libra sem mostrar muita preocupação com sua causa: o risco de desaceleração econômica.
Agosto tem sido um mês desafiador para as ações na história recente. Por isso, apesar de as condições parecerem perfeitas para um IPO no momento, elas precisarão continuar assim até todos voltarem da praia.
Essa coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.
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