Brexit sem acordo pode paralisar comércio de diamante em Londres

Por Thomas Biesheuvel e Lyubov Pronina.

O Reino Unido alertou que um Brexit sem acordo poderia excluir Londres do comércio mundial de diamantes.

O Reino Unido é membro do Processo de Kimberley, o programa de certificação internacional usado para monitorar e impedir o comércio de gemas oriundas de zonas de conflito, por meio de sua participação na União Europeia. O país precisará se inscrever por conta própria depois do Brexit, e o governo alertou na semana passada aos comerciantes de diamantes que qualquer atraso causado pela ausência de um acordo poderia suspender temporariamente as remessas.

“Neste momento, não podemos descartar a possibilidade de que poderíamos sair da UE sem um acordo e sem uma participação independente imediata”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido em uma carta aos comerciantes. “Neste caso bastante improvável, não seria possível negociar diamantes brutos internacionalmente enquanto não tivermos assegurado nossa participação no Processo de Kimberley.”

O governo afirmou que os comerciantes deveriam considerar a possibilidade de transportar para o país seus diamantes brutos que estejam fora do Reino Unido antes da saída da UE, em março, para garantir que poderão obter suas gemas.

Londres já foi o centro global da indústria de diamantes brutos, na época em que a De Beers vendia quase todas as gemas do mundo de sua sede que parece uma fortaleza no número 17 da rua Charterhouse. Mas os volumes caíram depois de 2000, quando o monopólio da empresa terminou, e diminuíram para quase nada depois que a companhia transferiu as operações de vendas em 2013 para Botsuana, onde a maioria de seus diamantes é extraída.

Rota de Londres

Ainda assim, o Antwerp World Diamond Centre, que representa os comerciantes de diamantes da cidade belga Antuérpia, afirmou que alguns grandes produtores continuam usando Londres como um caminho para a Europa.
“Estes bens são então transportados através do mercado comum da UE para Antuérpia, para serem classificados e comercializados aqui”, informou o AWDC. “A meta do AWDC é garantir que esses fluxos comerciais continuem passando por Antuérpia, mesmo depois do Brexit.”

O Reino Unido atualmente é apenas um dos seis países da UE autorizados a importar e exportar diamantes brutos. Depois que as pedras entram em um desses países, grupo que também inclui Bélgica e Portugal, elas podem se movimentar livremente pela região.

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