Por Andrea Felsted.
Se você é turista, bem-vindo ao Reino Unido.
Com a queda da libra, ficou muito mais barato visitar o Reino Unido. Por isso, olhando além da sacudida do mercado de ações de hoje, a decisão poderá impulsionar o setor de lazer, alguns hotéis e marcas de luxo.
Considere como exemplo a Merlin Entertainments, dona de atrações como o Museu Madame Tussauds e a roda-gigante London Eye. A empresa teve um ano difícil em 2015 após um acidente na montanha-russa de seu maior parque de diversões, o Alton Towers. Um aumento do número de novos visitantes seria bem-vindo.
Outro exemplo é o Premier Inn, de propriedade da Whitbread. A diretora-executiva Alison Brittain recentemente lamentou a crise do mercado de hotelaria de Londres, que derrubou a receita por quarto disponível em 6 por cento na capital no período de três meses até 2 de junho.
A dificuldade da rede de hotéis se deve à combinação entre o distanciamento dos turistas após os ataques terroristas em Paris e Bruxelas e o excesso de quartos. A libra fraca poderia ajudar a virar a maré das viagens a Londres e a encher os quartos vazios.
Na setor de luxo, a Burberry poderia ser uma das principais beneficiárias do número maior de visitantes.
A marca obtém cerca de 40 por cento de suas receitas no varejo com consumidores chineses, incluindo aqueles que viajam ao exterior, por isso ela tem sido atingida duramente pela relutância dos chineses em viajar após os ataques terroristas. Uma libra mais barata pode ampliar o movimento nas lojas de Londres e melhorar os resultados finais — John Guy, analista da Mainfirst, estima que uma queda de 10 por cento da libra poderia aumentar os lucros antes de juros e impostos em 90 milhões de libras (US$ 122,8 milhões).
É claro que há muitas complicações a atravessar após a Brexit. Não é assunto menor o potencial de recessão, de ampla desaceleração do consumo e de grande queda na confiança.
A Whitbread é um exemplo. Mesmo que ganhe com os turistas em Londres, a empresa também está exposta ao mercado de viagens de negócios. Essas viagens já estão diminuindo e uma nova queda poderia eliminar parte da alta conseguida com a Brexit.
E quem perde? As empresas que vendem viagens ao exterior, como a Thomas Cook e a Tui. Assim como a desvalorização da libra deixa Londres mais barata para os visitantes, também torna as viagens para fora do Reino Unido mais caras para os britânicos.
É de esperar que haja um retorno da tendência que vigorou durante a recessão, quando os britânicos deixaram de viajar e, em vez disso, passavam os dias fora de casa ou tiravam férias em outras partes do Reino Unido.
Isso é bom para as vendas de barracas, mas ruim para as operadoras de turismo.
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