BRF adia venda de unidade halal em meio à ‘Carne Fraca’: Fontes

Por Dinesh Nair e Ruth David.

A venda planejada de uma participação da gigante BRF em sua unidade de alimentos halal foi interrompida após a divulgação das investigações da operação pela Polícia Federal sobre as supostas venda e exportação de carne estragada por empresas brasileiras, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

A BRF recebeu propostas iniciais por sua participação na One Foods, que tem sede em Dubai, no mês passado, mas decidiu adiar o processo depois de ver menos interesse e ofertas mais baixas do que esperava, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque as informações são privadas.

A empresa, que busca um montante de US$ 5 bilhões pelo negócio, pode lançar novamente o processo de venda da unidade nas próximas semanas, disseram as pessoas. O presidente Pedro de Andrade Faria planeja visitar o Oriente Médio no mês que vem para convencer os investidores sobre as perspectivas do negócio, disse uma das pessoas. A BRF preferiu não comentar sobre a venda de sua unidade de alimentos halal.

A BRF e a rival JBS estão envolvidas em uma operação federal mais ampla que investiga empresas brasileiras acusadas de subornar funcionários do governo para aprovar a venda de carne estragada. A polícia alega que alguns frigoríficos adulteraram produtos com ingredientes como cabeças de porco e que odores suspeitos eram mascarados com ácido. Ambas as empresas negaram as acusações.

A BRF informou neste mês que havia recebido autorização do Ministério da Agricultura para retomar as operações em sua planta na cidade de Mineiros, em Goiás, alvo da investigação, após uma auditoria.

Acordos frustrados

A BRF havia decidido inicialmente levar adiante os planos de vender uma participação no negócio após o surgimento do escândalo da carne contaminada, disseram pessoas com conhecimento do assunto no mês passado. A unidade halal poderia atrair o interesse de ofertantes do Oriente Médio como a Saudi Agriculture & Livestock Investment e os fundos soberanos de investimento do Catar e de Abu Dhabi, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

No mês passado, a Arábia Saudita interrompeu as importações de frango e de carne bovina de quatro plantas brasileiras, entre elas operações da BRF, que estavam sob investigação.

O acordo da BRF com a Autoridade de Investimento do Catar para a compra da produtora de aves turca Banvit Bandirma Vitaminli Yem Sanayii também foi adiado no início do mês. A Banvit informou que os documentos e algumas pré-condições para a venda não estariam prontas para sua assembleia anual. A companhia informou desde então que espera que a venda de US$ 470 milhões seja concluída até 25 de maio.

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