Por Ruth David e Dinesh Nair.
A gigante brasileira de alimentos BRF está levando adiante os planos de vender uma participação de sua unidade de alimentos halal em meio a uma investigação federal sobre a venda e a exportação de carne estragada pela empresa controladora, disseram pessoas com conhecimento do assunto.
As ofertas de aquisição de uma participação minoritária na One Foods Holdings, que tem sede em Dubai, vencem na semana que vem, disseram as pessoas, pedindo anonimato porque os detalhes não são públicos. A BRF ainda busca uma avaliação de cerca de US$ 5 bilhões para o negócio, que produz frangos e salsichas que respeitam os padrões halal e tem o Oriente Médio como maior mercado, disseram.
Um representante da BRF preferiu não comentar.
A BRF e a rival JBS são alvos da Operação Carne Fraca, que investiga empresas brasileiras por suborno a funcionários do governo para aprovar a venda de carne estragada. Os frigoríficos são acusados de supostamente terem adulterado alguns produtos com ingredientes como cabeça de porco no Brasil e de terem mascarado odores suspeitos aplicando ácido. Ambas as empresas negaram as acusações.
A ação caiu 1,2 por cento na terça-feira, para R$ 35,85, menor preço de fechamento em São Paulo desde outubro de 2012. A BRF caiu 10 por cento desde que a Operação Carne Fraca veio a público, em 17 de março.
A unidade halal poderia atrair o interesse de ofertantes da região, incluindo a Saudi Agriculture & Livestock Investment e fundos soberanos de investimento do Catar e de Abu Dhabi, disseram anteriormente pessoas com conhecimento do assunto.
A China, a maior importadora de frango e carne bovina do Brasil, suspendeu temporariamente os embarques e a União Europeia e o Chile restringiram as compras após o surgimento do escândalo da carne, na semana passada. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango e responde por quase um quinto das exportações globais.
A BRF informou em janeiro que estava nos estágios finais de reestruturação do negócio halal, antes conhecido como Sadia Halal, para manter ativos que produzem e distribuem produtos alimentícios para os mercados muçulmanos. Entre os ativos que estão sendo transferidos estariam instalações de armazenagem de grãos, fábricas de ração, oito abatedouros e plantas de processamentos no Brasil e uma fábrica nos Emirados Árabes Unidos, disse a empresa na ocasião.
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