Por Cristiane Lucchesi e Scott Deveau.
A Brookfield Asset Management, maior gestora de ativos alternativos do Canadá, está se juntando a um grupo de credores da Oi assessorado pelo Moelis & Co. em meio à reestruturação da gigante brasileira do setor de telefonia, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
A Brookfield se uniu ao comitê dirigente do grupo na semana passada, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque a decisão não é pública. O grupo, que tem o suporte do bilionário egípcio Naguib Sawiris, apresentou em dezembro um plano para reestruturação da Oi, que abriu processo de recuperação judicial no Rio de Janeiro em junho do ano passado para reestruturar US$ 19 bilhões em dívidas. A proposta está sendo revisada com base nas sugestões recebidas também de outros credores, afirmou o grupo na terça-feira.
Moelis e Brookfield preferiram não comentar.
A adesão da Brookfield fortalece o grupo assessorado pelo Moelis, que já conta com suporte do China Development Bank e de agências de crédito de exportação assessoradas pela FTI Consulting. Um grupo rival de credores assessorado pela G5 Evercore, com Aurelius Capital entre os membros, busca uma estratégia judicial e conseguiu uma vitória na Holanda no mês passado quando duas unidades holandesas da Oi foram declaradas falidas. A decisão na Holanda não afeta as operações cotidianas da Oi, afirmou a empresa de telefonia.
O plano revisado do grupo de credores assessorado pelo Moelis manterá os principais pontos da proposta apresentada em dezembro, incluindo uma troca de dívidas por ações, injeção de capital, fortes investimentos nos próximos anos e redução da dívida, disse uma das pessoas. Além de incorporar sugestões de credores de fora do grupo, o plano será ajustado para refletir as novas regras que o governo está preparando para permitir intervenções em empresas reguladas como a Oi, disse a pessoa.
Entre os demais credores importantes da Oi estão a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, ambos estatais, e o Itaú Unibanco.
A Brookfield investiu fortemente na América Latina, em particular no Brasil, aproveitando oportunidades após a Lava-Jato. No mês passado, uma de suas unidades concluiu a aquisição da empresa brasileira de água e esgoto Odebrecht Ambiental em transação avaliada em R$ 2,5 bilhões (US$ 790 milhões). Também em abril, a empresa canadense liderou outro grupo que adquiriu uma rede de distribuição de gás natural da Petrobras por US$ 5,2 bilhões.
A Brookfield está negociando a compra da participação restante da Odebrecht em uma concessão rodoviária no Peru em um momento em que a atribulada construtora brasileira se movimenta para deixar o país vizinho, disseram pessoas informadas sobre o assunto em março.
Entre os demais hedge funds interessados em investir na Oi estão o Elliott Management e o Cerberus Capital Management, que têm conversado com a Oi separadamente para discutir alternativas. O segundo maior acionista da Oi, Société Mondiale Fundo de Investimento em Ações, está buscando possíveis parceiros para investir US$ 2 bilhões na combalida operadora de telefonia brasileira, disse uma pessoa próxima à situação no mês passado.
A Oi havia resistido anteriormente às propostas de injeção de capital novo na empresa, mas no mês passado o presidente Marco Schroeder mostrou disposição para aceitar novos investimentos na companhia, o que rendeu elogios do grupo de credores assessorado pelo Moelis.
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