Por Cristiane Lucchesi, Carolina Millan e Pablo Gonzalez.
O UBS, o Julius Baer e o Grupo BTG Pactual estão entre os bancos que estão considerando iniciar um negócio de gestão de fortunas na Argentina, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Estimativas apontam que o programa de anistia fiscal do governo pode repatriar até US$ 16 bilhões em dinheiro offshore.
O UBS e o Julius Baer, ambos com sede em Zurique, poderiam adquirir corretoras locais como caminho para acelerar o processo de obtenção de licença, segundo uma das pessoas, que pediu anonimato por discutir estratégias privadas. O BTG, que tem sede em São Paulo, transferiu um de seus sócios, Marcelo Fiorellini, para a Argentina há cerca de seis meses apostando na expansão dos mercados de capital do país, informou a companhia por e-mail, sem fazer comentários adicionais.
O programa de anistia fiscal do governo, anunciado em maio, atraiu US$ 4,6 bilhões em dinheiro na semana passada, disse o ministro da Fazenda e Finanças, Alfonso Prat-Gay, na segunda-feira. Cerca de 100.000 argentinos declararam recursos às autoridades fiscais até 26 de outubro, sendo que 58.000 fizeram depósitos em contas bancárias, disse Prat-Gay. Alguns argentinos ricos estão criando family offices locais para administrar seus ativos, apostando que o presidente Mauricio Macri manterá uma política mais aberta aos investidores que a dos governos anteriores e que a economia voltará a crescer com inflação mais baixa.
“O sucesso do programa de anistia fiscal não passará despercebido pelo setor de gestão de recursos de terceiros”, disse Carlos Aszpis, analista da corretora Schweber Securities, que tem sede em Buenos Aires, em entrevista. “Faz sentido que grandes bancos internacionais e corretoras locais tentem conseguir uma fatia de todo esse dinheiro”, disse ele, acrescentando que os investidores também serão atraídos pelos retornos maiores na Argentina em comparação com outros países.
O BNP Paribas, que já possui uma unidade de gestão de recursos de terceiros na Argentina, estimou que a anistia fiscal poderá repatriar US$ 16 bilhões em dinheiro offshore. O montante quase dobraria o tamanho do setor local de fundos mútuos, que em agosto registrava 298,7 bilhões de pesos (US$ 20 bilhões) em ativos sob gestão, segundo a Câmara Argentina de Fundos Comuns de Investimento.
O BNP está avaliando a expansão de seu negócio de gestão de recursos de terceiros para capitalizar com o crescimento, disse uma das pessoas. Representantes do BNP, do UBS e do Julius Baer preferiram não comentar sobre seus planos para a Argentina.
Para que o setor local de fundos cresça, Macri terá que vencer a persistente desconfiança dos argentinos em relação às autoridades. Quando o país deu calote em sua dívida, em 2001, o governo restringiu os saques nos bancos e converteu as poupanças em dólares para pesos em meio a uma desvalorização de 75 por cento da moeda local.
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