BTG mostra como se recuperar após prisão de seu CEO

Por Paula Sambo e Ben Bartenstein.

Três meses depois que a prisão do CEO do Grupo BTG Pactual, André Esteves, desencadeou o colapso de seus bonds, o banco brasileiro está reconquistando investidores em grande estilo.

Os US$ 700 milhões em notas do BTG para 2018 subiram 82 por cento em relação ao piso registrado em dezembro depois que os sócios do banco adquiriram rapidamente a participação controladora de Esteves, obtiveram um financiamento de emergência e se desfizeram de ativos. Este é o maior aumento entre 969 bonds de mercados emergentes no período.

E a recuperação do BTG não acabou, diz Nashwa Saleh, da Exotix Partners. No dia 10 de março, ela recomendou que os investidores comprassem as notas do banco para 2020 em um momento em que a empresa está focando em seus negócios principais depois de desinvestir cerca de R$ 10 bilhões (US$ 2,7 bilhões) em ativos após a prisão de Esteves por supostamente obstruir a maior investigação de corrupção do Brasil.

“Nós gostamos do fato de que o banco e seus sócios agiram bastante rapidamente para assumir o controle do banco e se separar de Esteves”, disse Daniel Tafur, que administra US$ 250 milhões, incluindo bonds do BTG, como diretor de investimento da Equilibria Capital Management. “Eles também foram bastante rápidos para iniciar o processo de desinvestimento e reestruturação”.

Quatro dias após a prisão, Esteves renunciou a todos os cargos na empresa que fundou. O bilionário, que negou irregularidades, foi liberado da prisão no dia 17 de dezembro e, desde então, está em prisão domiciliar. O Ministério Público Federal acusou Esteves de tentar interferir no depoimento de um ex-executivo da Petrobras que foi preso em janeiro como parte de uma ampla investigação de corrupção na estatal.

O BTG disse que o banco não está sendo investigado.

Contudo, em um acordo de delação premiada publicado pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil na terça-feira, o senador Delcídio Amaral alegou que o BTG pagou um valor baixo por ativos de petróleo na África comprados da Petrobras em 2013. Amaral foi preso também por supostamente ter interferido com o executivo da Petrobras em novembro.

Em um comunicado, o BTG disse estar confiante da integridade de sua aquisição em 2013.

No dia 4 de dezembro, o BTG obteve um resgate de R$ 6 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito do Brasil, conhecido como FGC, quando enfrentava um aumento nos resgates. Nas semanas seguintes, o banco com sede em São Paulo captou dinheiro também vendendo sua participação em uma rede de hospitais e se desfazendo de sua empresa de gestão de ativos distressed. O BTG está negociando também a venda de seu banco suíço BSI e de sua empresa de estacionamentos, conhecida como Estapar, segundo pessoas com conhecimento dos planos que pediram anonimato porque as discussões são privadas.

“A implementação do plano de gestão de liquidez como um todo, obtendo o respaldo do FGC ou com o FGC fornecendo-o bem no início do processo, foi muito positiva”, disse Saleh, da Exotix, de Londres. “O mercado estava em pânico em vez de confiar nos fundamentos”.

O BTG também recomprou uma quantidade não revelada de seus bonds perpétuos, segundo seu balanço publicado em 19 de janeiro. Agora, o banco está negociando com potenciais parceiros uma ajuda para adquirir as 116,7 milhões de ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, disse uma pessoa com conhecimento direto do assunto, que pediu para não ser identificada porque nenhuma decisão final foi tomada.

“Parece que o BTG está saindo dessa crise mais forte, embora menor”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage em Miami. “O banco sobreviverá para pagar sua dívida”.

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