BTG ofereceu plano expansão negócio commodities a investidores

Por Andy Hoffman e Javier Blas, com a colaboração de Robert Friedman, Cristiane Lucchesi, Katia Porzecanski, Ambereen Choudhury e Juan Pablo Spinetto.

Depois da prisão do seu presidente em novembro, o Grupo BTG Pactual disse a potenciais investidores em seu negócio de commodities que planejava uma expansão em 2016, aproveitando a queda dos preços das matérias-primas para comprar ativos e iniciar novos negócios.

O BTG Pactual Commodities disse que planeja criar fundos de crédito e de private equity e comprar ativos para “aproveitar o atual ciclo de baixa”, de acordo com um documento de três páginas obtido pela Bloomberg News. O documento oferece um panorama sobre o desempenho financeiro e as operações do negócio de commodities que o ex-presidente André Esteves iniciou em 2013.

No fim do ano passado, o BTG Pactual buscou potenciais compradores ou investidores para sua unidade de commodities para captar recursos. Houve várias manifestações de interesse no negócio, mas nenhuma boa o suficiente para garantir um acordo, disseram pessoas com conhecimento do processo, que pediram anonimato porque o assunto não é público.

Um porta-voz do BTG Pactual não quis comentar o documento. Esteves, que passou da parisão para prisão domiciliar em dezembro, negou qualquer irregularidade por meio de seus advogados. O BTG disse que não faz parte da investigação.

Contribuição nos lucros

O BTG Pactual disse que seu negócio de commodities, dirigido pelo ex-presidente do Noble Group, Ricardo Leiman, gerou em 2015 um total estimado de US$ 426 milhões em lucros antes de impostos e bônus na época que o documento foi distribuído, no fim do ano passado. O valor se compara com o lucro anual, conforme essa medida, de US$ 432 milhões em 2014, disse o BTG no documento.

O lucro líquido total do BTG Pactual aumentou de R$ 3,42 bilhões em 2014 para R$ 4,62 bilhões (US$ 1,16 bilhão) em 2015, de acordo com os resultados publicados no site da empresa. Não foi fornecido um número específico para o negócio de commodities.

As receitas líquidas da unidade de trading de commodities da empresa foram estimadas em US$ 585 milhões naquele período de 2015, incluindo grãos e oleaginosas, açúcar, fertilizantes, café, algodão, petróleo, metais, minerais e minérios, mostra o documento. O valor está acima da receita líquida anual de US$ 568 milhões em 2014.

Os dados indicam que a unidade de matérias-primas cresceu para garantir um lugar atrás das principais casas de trading de commodities do mundo, lideradas por Vitol Group, Glencore, Trafigura Group, Mercuria Energy Group, Gunvor Group e Noble, assim como dos maiores traders de commodities agrícolas, as chamadas ABCDs: Archer-Daniels-Midland, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus Commodities BV.

Volumes

Os volumes negociados do grupo de commodities devem superar 30 milhões de toneladas em 2016, sem incluir o comércio de café, mostra o documento.

Com sede em Londres e com mais de 650 funcionários em 34 escritórios espalhados pelo mundo, o negócio de commodities do BTG Pactual “foi baseado em uma estratégia ‘asset light’ com três componentes principais de receita e retornos: crédito, merchandising de commodity físico e trading proprietário financeiro de commodity”, de acordo com o documento.

A próxima etapa do BTG Pactual em commodities dará foco “ao aumento do trading de ações e bonds” alavancando a pesquisa da empresa, disse a companhia. O balanço das operações de ações e títulos do negócio de commodity cresceu para US$ 20 milhões em 2015, disse o BTG. A empresa disse que também pretende expandir seu algoritmo de trading de commodities.

Exportações brasileiras

O BTG Pactual exportou mais de US$ 1 bilhão em matérias-primas do Brasil no ano passado.

O comércio de carvão respondeu por 40 por cento da receita em 2015, o de energia, por 24 por cento, o de minério de ferro, por 15 por cento, e o de agricultura, por 11 por cento. A empresa também é “uma das maiores empresas de armazenagem do mundo”, disseram.

O BTG Pactual entrou em um campo com grande número de concorrentes quando começou a procurar um investidor ou comprador para o negócio de commodities no ano passado, juntando-se a pelo menos outras cinco grandes empresas – Glencore, Louis Dreyfus, Noble, Mercuria e Gunvor – que estão analisando vendas de partes de suas operações.

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