Por Cristiane Lucchesi.
O Grupo BTG Pactual, banco de investimento do Brasil que reduziu seu número de funcionários neste ano e vendeu ativos para sobreviver a uma crise de liquidez, entrou novamente em modo de expansão.
A instituição planeja contratar cerca de 56 pessoas e investir R$ 1 bilhão (US$ 318 milhões) do capital próprio em crédito inadimplente de empresas ao longo do próximo ano, diz Alexandre Câmara, chefe da área de special situations, em entrevista na sede do grupo, em São Paulo. As compras acontecerão por toda a América Latina, mas majoritariamente no Brasil, disse Câmara.
O BTG está apostando em empréstimos com pagamentos em atraso em meio ao aumento das taxas de inadimplência no Brasil, que chegaram a 3,1 por cento para empresas dos R$ 1,575 trilhão em créditos totais corporativos em agosto, de acordo com o Banco Central. As empresas estão tendo dificuldades para quitar suas dívidas em um momento em que o país emerge de dois anos de recessão, a pior em um século, e que as taxas de juros estão perto de altas históricas. Os bancos também vêm reduzindo o crédito depois que uma investigação de corrupção de alcance nacional envolveu muitas das maiores empresas do país.
“Agora é a hora de investir em empréstimos inadimplentes de empresas enfrentando dificuldades temporárias, mas com bom potencial”, disse Câmara. “Até mesmo boas empresas não têm capital suficiente.”
A oferta de crédito inadimplente de empresas está crescendo e “com a economia começando a melhorar, você consegue determinar um preço mais facilmente”, disse ele. Os empréstimos inadimplentes dos consumidores “sofrerão um pouco mais antes de começarem a se recuperar”, por isso ainda não é momento de entrar nesse mercado, segundo Câmara.
O Banco Safra também está investindo em empréstimos inadimplentes de empresas, disseram duas pessoas com conhecimento direto do assunto. O Safra não quis comentar.
Equipe de 70
O BTG já conta com 14 funcionários à procura de oportunidades de investimento e planeja ampliar a equipe para cerca de 70 pessoas, que também gerenciarão o portfólio e tentarão recuperações de empréstimos inadimplentes.
A instituição, que investiu em ativos em dificuldades desde sua fundação, em 2008, viu seus próprios títulos atingirem níveis distressed no ano passado depois que seu fundador e ex-CEO, André Esteves, foi preso em novembro em conexão com o escândalo de corrupção. Para sobreviver, o BTG vendeu alguns de seus ativos mais valiosos e garantiu uma linha de crédito com o Fundo Garantidor de Crédito, conhecido como FGC. Esteves, que foi transferido da cadeia para prisão domiciliar em dezembro e libertado em abril, negou, por meio de seus advogados, qualquer irregularidade. Na quarta-feira, o BTG anunciou que quitou integralmente a linha de crédito com o FGC.
Os ativos totais da instituição caíram para R$ 213,3 bilhões no fim do segundo trimestre, contra R$ 302,8 bilhões no terceiro trimestre de 2015, antes da prisão de Esteves.
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