Café arábica a caminho do melhor trimestre em cinco anos

Por Irene García Pérez.

O café arábica está finalmente em alta, depois de dois anos difíceis marcados por preocupações sobre o excesso de oferta.

A oferta global começa a diminuir, o clima frio pode ter prejudicado as plantações no Brasil e a recuperação do real tornou as exportações menos atraentes. Com isso, os preços subiram 16% neste trimestre, o maior ganho em mais de cinco anos e um dos melhores desempenhos entre as commodities.

“O movimento de preços tem sido mais construtivo para os ’touros’”, disse Alex Boughton, corretor da Sucden Financial, em referência aos investidores que apostam na alta da commodity. “Olhando para frente, se os relatórios sobre problemas de produtividade no Brasil forem verdadeiros, se geadas forem confirmadas no fim da semana que vem e dados técnicos e moeda permanecerem favoráveis, poderemos ir mais alto. Parece que uma tempestade perfeita pode estar se formando.”

Os contratos futuros de arábica para entrega em setembro subiram 2,4% para US$ 1,093 por libra em Nova York, atingindo o maior nível para um contrato mais ativo desde dezembro. É uma grande reviravolta nos preços, que haviam caído para o menor nível em 13 anos no início de maio.

O clima mais frio no Brasil levanta questões sobre o estado das plantações, e a Somar Meteorologia prevê temperaturas mais baixas a partir de meados da próxima semana, embora geadas não sejam esperadas. O avanço do real para perto do maior nível desde março em relação ao dólar também deixou as exportações menos atraentes, potencialmente reduzindo a oferta.

O rali reflete o movimento de gestores de recursos, que reduziram suas apostas de baixa em mais de 50% desde o início de maio.

O excesso de oferta global que pressionou os preços nos últimos anos deve acabar. A Organização Internacional do Café reduziu sua estimativa de superávit global para a temporada 2018-19 em 7,5% para 3,4 milhões de sacas no início do mês, e a Marex Spectron vê o mercado com um déficit de 2,7 milhões de sacas em 2019-20.

Os níveis mais baixos de estoques certificados pela bolsa também sustentam os preços, de acordo com o Rabobank, cuja estimativa para os futuros é de cerca de US$ 1,06 no segundo semestre do ano, antes de subir um pouco mais em 2020.

Nem tudo é boa notícia para o café. O tipo robusta, mais usado para café instantâneo em vez das variedades especiais, mostra pouca variação neste trimestre, já que os estoques continuam altos. Isso ajudou a recuperação do arábica premium, que estava perto do menor valor em uma década.

“A forte produção de robusta nas três principais origens (Vietnã, Indonésia e Brasil) provavelmente continuará pressionando o mercado”, escreveram analistas do Rabobank, incluindo Stefan Vogel, em relatório este mês. “Se os preços do arábica subirem mais do que o previsto, o robusta vai acompanhar, mas à distância, com uma crescente arbitragem.”

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