Cai procura da China por açúcar do Brasil

Por Fabiana Batista e Isis Almeida.

A forte procura que ampliou as exportações brasileiras de açúcar para a China no mês passado começa a perder força no momento em que o país asiático estuda a aplicação de impostos maiores sobre as importações.

Os embarques vêm perdendo força desde meados de dezembro após atingirem em novembro o nível mais alto para o mês em pelo menos sete anos, segundo dados da empresa de pesquisas Tropical Research Services, que assessora diversos hedge funds.

A China, segunda maior compradora de açúcar bruto do mundo, mantém um sistema de cotas e impostos de importação para proteger a produção de seus agricultores domésticos. Embora os preços globais venham caindo, os custos no país permaneceram altos, o que aumenta o incentivo para importar. O país agora estuda elevar as tarifas para as importações sob determinadas cotas para 144 por cento e fora delas para 159 por cento, segundo o Rabobank. Trata-se de um grande aumento, ante as atuais alíquotas de 15 e 50 por cento, respectivamente.

“A corrida da China para acelerar as importações começou em novembro, mas a incerteza prevaleceu em dezembro e, portanto, a fila de navios aguardando para embarcar açúcar para o país asiático perdeu força”, disse Eduardo Rocha, diretor para as Américas da trading Enerfo, com sede em Cingapura. “Talvez em janeiro, quando houver maior clareza, a China volte a importar fortemente.”

Mercado baixista

O açúcar bruto entrou em um mercado baixista no mês passado em meio à antecipação de aumento da oferta na próxima safra, quando a produção deverá se recuperar na Ásia e subir na União Europeia. Com a safra maior que a esperada no Centro-Sul do Brasil, a principal região produtora, a oferta do País está sendo negociada com desconto no mercado físico. A situação ajudou as exportações para a China porque as margens de importação foram ainda maiores, disse Bruno Zaneti, consultor de gerenciamento de risco sênior da INTL FCStone. Os lucros gerados pela importação do açúcar superaram US$ 90 por tonelada nas últimas semanas, disse ele.

As exportações do Brasil, maior produtor mundial, para a China caíram para 183.500 toneladas neste mês até 20 de dezembro e há dois navios programados para o transporte de mais 73.000 toneladas para o país asiático, segundo a agência de navegação Williams. O volume contrasta com as cerca de 579.000 toneladas registradas em novembro, mais que o triplo de um ano antes e o nível mais elevado para o mês desde 2010, pelo menos, mostram dados compilados pela TRS.

A discussão chinesa a respeito de um aumento tributário poderia exercer uma certa pressão sobre os preços domésticos a curto prazo devido à onda de importações antes da aplicação das novas tarifas, afirmou o Rabobank em relatório de 21 de dezembro. O país lida com o aumento das importações regulares e também com a ampliação do açúcar contrabandeado por meio de Myanmar, rota popularizada no ano passado.

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