Por Javier Blas e Jack Farchy
Quando a Opep se reunir, na sexta-feira, em Viena, para discutir um possível aumento da produção no segundo semestre deste ano, provavelmente haverá uma diferença significativa entre os principais números em discussão e a quantidade de petróleo que poderá efetivamente ser adicionada ao mercado.
Devido à diferença entre o número de barris reais e aqueles que existem apenas no papel, o impacto no mercado de qualquer acordo entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados para ampliar a oferta provavelmente será cerca de um terço menor do que a cifra do anúncio principal, segundo cálculos da Bloomberg.
Para entender a razão, observe o aumento de 1,5 milhão de barris por dia cogitado pelo ministro de Energia russo, Alexander Novak. Ele afirmou na terça-feira que sua proposta alocaria o aumento da cota entre todos os membros da Opep+ de forma proporcional aos cortes originais que cada país concordou em efetuar em 2016.
Isso daria à Arábia Saudita um aumento de 402.000 barris, à Rússia de 248.000 barris e assim por diante. Mas também aplicaria cotas mais elevadas a países que provavelmente, ou certamente, serão incapazes de elevar a produção, como Venezuela, México e Angola.
Do aumento de 1,5 milhão de barris por dia, apenas 958.000 barris seriam destinados a produtores que quase certamente poderiam usar a cota. A mesma lógica se aplica a ajustes menores nas cotas. Um aumento de 1 milhão de barris por dia na verdade entregaria apenas 639.000 barris em cotas maiores a países que definitivamente poderiam usá-los.
“Como muitos países da Opep não podem aumentar a produção, o aumento real da produção será substancialmente menor do que o anúncio principal”, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da consultora Energy Aspects.
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