Câmbio argentino e volatilidade podem subir muito com Macri

or George Lei e Davison Santana.

A promessa do presidente argentino eleito, Mauricio Macri, de mudar o regime cambial assim que assumir o cargo, em 10 de dezembro, foi bem recebida por analistas e investidores. Se for executada, os volumes de negociação do peso vão subir, embora o caminho para a reforma pareça acidentado.

O peso argentino foi relegado ao esquecimento em 2001, quando a segunda maior economia sul-americana declarou moratória da dívida soberana e ficou de fora dos mercados financeiros internacionais. O peso no Chile, cuja economia é inferior a metade do tamanho, é cerca de seis vezes mais negociado do que o da Argentina, de acordo com dados do Deutsche Bank.
 

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Isto tem muito a ver com o banco central da Argentina, que regulamentou a moeda com uma mão pesada, resultando em um ritmo de depreciação muito mais lento do que um mercado mais livre permitiria. A Argentina também impôs restrições à negociação no mercado oficial, minando liquidez e o apetite do mercado tanto dos traders como de investidores.

Alterar o regime cambial será politicamente difícil para Macri, que enfrenta inflação alta e crescimento em desaceleração. Considerando que o banco central está com suas reservas ao mais baixo nível dos últimos nove anos, a chave para o sucesso está em seus diretores.
Isso vai ser difícil porque o presidente do Banco Central Alejandro Vanoli é visto como leal ao antigo governo e contra a supressão dos controles cambiais. O mandado de Vanoli expira em 2019 e ele expressou abertamente o desejo de ficar.

Sua remoção poderia vir da pressão política que forçaria sua renúncia, ou obtendo o apoio de dois terços do Senado, que o partido de Macri não tem. A última vez que um conflito semelhante aconteceu, em 2010, o governador renunciou após vários meses de pressão.

Alinhamento da taxa oficial de 9,7 por dólar e a taxa blue chip de 14,7 por dólar implica depreciação nominal significativa. Macri precisará ter um plano fiscal sólido no lugar para evitar uma liquidação desordenada quando a moeda começar a flutuar.

Este é outro grande obstáculo considerando a previsão de 2015, o déficit do governo é de 6 por cento do PIB, o que ajudou a empurrar a inflação para além de 30 por cento, segundo estimativas de economistas. Macri não terá nenhum controle imediato na Câmara e pode enfrentar forte oposição de uma maioria peronista no Senado, então será muito difícil passar as medidas de austeridade.

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