Câmbio não precifica risco eleição, diz analista que mais acerta

Por Vinícius Andrade.

Um cenário eleitoral turvo pode interromper o período decâmbio comportado.

O aumento da volatilidade deve levar o dólar a R$ 3,40 até meados de 2018, dada a proximidade da eleição presidencial, disse Tania Escobedo, estrategista de câmbio da RBC Capital Markets em Nova York, que registrou a previsão mais precisa para o câmbio em ranking da Bloomberg.

As chances reduzidas do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva – após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmar a sua condenação – não removeu todas as incertezas em torno da disputa e os operadores mantêm sua busca por um nome de centro, reformista, que seja capaz de avançar com a agenda econômica do atual governo e que tenha chances substanciais de ser eleito pelas urnas.

Com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o presidente da Câmara,Rodrigo Maia, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e mais recentemente o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosaentre os nomes esperados a disputar os votos de centro, um cenário fragmentado pode pavimentar o caminho para extremistas como Jair Bolsonaroe um candidato do Partido dos Trabalhadores. “Embora as chances de Lula se tornar um candidato diminuam dia após dia, a eleição ainda é um jogo de ninguém”, disse Tania.

O dólar tem permanecido confinado no intervalo de R$ 3,20-R$ 3,33 desde o começo de fevereiro.

A estrategista da RBC Capital Markets também vê riscos subestimados no front fiscal, com o risco Brasil medido pelo CDS 5 anos operando no menor nível desde 2014. “Sem as reformas, a materialização de medidas protecionistas nos EUA ou um aumento da aversão a risco global pode pegar o Brasil em uma situação vulnerável”, ela diz.

Embora Tania Escobedo espere que o dólar encerre o ano a R$ 3,40, pode haver algum espaço para ganhos adicionais do real no curtíssimo prazo.

A decisão do STF sobre o pedido de habeas corpus de Lula será monitorado de perto nesta quarta-feira. Se a porta para uma prisão imediata for deixada aberta, pode disparar uma reação positiva do mercado, já que dificultará a participação do ex-presidente na campanha de um candidato petista, de acordo com a estrategista. Dada a performance abaixo dos pares do real na última semana, há um amplo espaço assimétrico para uma resposta positiva que pode levar o dólar para entre R$ 3,22-R$ 3,25, segundo ela.

“O equilíbrio político resultante da condenação de Lula será chave para moldar as expectativas em torno das perspectivas fiscais de longo prazo para o Brasil, especialmente após as reformas estruturais terem ficado para o próximo governo”, diz Tania.

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