Caos cambial gera perda de 95% da receita da engarrafadora da Coca-Cola

Por Sebastian Boyd.

O aprofundamento da crise econômica da Venezuela está causando prejuízos para a Coca-Cola Femsa SAB, a engarrafadora mexicana da Coca-Cola. A empresa disse, em 23 de julho, que reduziu o valor da sua receita venezuelana em 95%, enquanto a moeda do país entra em colapso e a inflação explode. A ação transformou um lucro aumentado no segundo trimestre em prejuízo.

A turbulência na Venezuela vem causando problemas crescentes para a principal engarrafadora franqueada da Coca-Cola no mundo. Durante os últimos seis meses, seus títulos de 3 bilhões de dólares tiveram desempenho pior, a maior parte dos títulos com grau de investimento fora do México. A Venezuela tem “uma economia com hiperinflação e três taxas de câmbio diferentes, as quais, aliás, tiveram depreciação significativa nos últimos meses”, disse Edgar Ruiz, analista na Informa Global Markets. “Dependendo de qual taxa de câmbio você escolhe, o preço de venda pode variar muito em curto tempo, o que é complicado.”

Há um ano, a Coca-Cola Femsa estava convertendo seu dinheiro em dólares na taxa de 10,6 bolívares para um. Agora, adotou a chamada taxa Simadi, que trocou 197,3 bolívares por dólar no fim do segundo trimestre. É uma desvalorização de 95%.

A mudança cambial significou que o preço médio que a Coca-Cola Femsa cobrava por uma caixa de 24 garrafas de 240 ml caiu em 86% para o equivalente a 18,75 pesos mexicanos (1,15 dólar) no segundo trimestre de 130,5 pesos um ano antes.
 

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A empresa, baseada na Cidade do México, cobra uma média de 42,96 pesos nos outros países. Os títulos em dólar da Coca-Cola Femsa tiveram uma queda de 1,5% nos últimos seis meses, ante uma queda média de 0,7% em empresas mexicanas com grau de investimento. A engarrafadora, cujos títulos de referência vencem em 2043 com retorno de 4,61%, foi classificada como A- pela S&P, empatada com o grau mais alto entre as empresas mexicanas.

“O efeito da conversão é uma mudança contábil causada em razão da taxa de câmbio”, afirmou a empresa por e-mail. Incluindo a Venezuela, a engarrafadora disse que sua receita caiu 12% no segundo trimestre, em relação ao ano anterior, depois que a empresa mudou para uma nova taxa de câmbio, que supostamente é determinado por forças do mercado e mais fácil de as empresas acessarem do que as taxas oficiais estabelecidas pelo governo venezuelano. Ao excluir a Venezuela, as vendas da Coca-Cola Femsa avançaram 4,5%.

O país sul-americano é, agora, responsável por 3 por cento das vendas da Coca-Cola Femsa, ante os 21% registrados no segundo trimestre de 2014. “O que a maior parte das empresas do mercado está fazendo é colocar a Venezuela próximo a zero e passar a ver os números sem o país,” disse Jose Antonio Cebeira, analista da Actinver. “Pode esquecer a Venezuela.”

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