Por Neo Khanyile.
Turbulência política em países em desenvolvimento não deve deter investidores, uma vez que esses locais oferecem as melhores oportunidades, afirma o corresponsável pela unidade de mercados emergentes da Old Mutual Investment Group.
“A política sempre nos dá uma oportunidade”, disse Siboniso Nxumalo, corresponsável pela divisão de mercados emergentes globais da OMIG, em entrevista a repórteres em Johanesburgo na quarta-feira. “O mercado de melhor desempenho no mundo neste ano é o Brasil, um dos que teve a política mais bagunçada. A Rússia tem o segundo melhor desempenho e também uma situação política das piores.”
Após cair 13 por cento em 2015, o índice Bovespa acumula alta de 31 por cento neste ano em que Dilma Rousseff foi substituída por Michel Temer na presidência após o processo de impeachment encerrado em 31 de agosto. Na Rússia, o índice Micex, que reúne as 50 ações mais líquidas, avançou 13 por cento neste ano, mesmo com o pano de fundo de sanções impostas pelos EUA após a anexação da Crimeia em 2014 e críticas às intervenções militares pelo presidente Vladimir Putin na Ucrânia e na Síria.
Nxumalo também enxerga oportunidades na Turquia, onde o presidente Recep Tayyip Erdogan reprimiu uma tentativa de golpe em julho, e na África do Sul, onde incertezas sobre a permanência e situação criminal do ministro das Finanças, Pravin Gordhan, pesaram sobre o mercado. “Do nosso ponto de vista, sim, há riscos, mas os retornos compensam.”
Mesmo um ciclo sustentado de elevações nos juros nos EUA não seria motivo para pessimismo entre os investidores de mercados emergentes, pois seria sinal positivo para economias em desenvolvimento, que se beneficiam da força da maior economia do mundo, disse Nxumalo.
“Quem fabrica para os EUA? Quem fornece bens para eles? Quem envia para lá as commodities para gerar esse crescimento?”, ele colocou. “Tudo que o mundo desenvolvido consome geralmente é gerido e fabricado nos mercados emergentes.”
O Goldman Sachs prevê elevação de três pontos percentuais na taxa básica de juros nos EUA ao longo de um ciclo de aperto que se estenderia até 2019. Os contratos de derivativos projetam aperto de aproximadamente 50 pontos base durante o mesmo período, segundo dados compilados pela Bloomberg. A próxima decisão do banco central americano (Federal Reserve) será anunciada em 21 de setembro.
“Não vemos a questão dos juros como um risco”, disse Nxumalo. “Vemos como oportunidade se acontecer de modo sustentado, porque o mundo fabrica a partir dos mercados emergentes.”
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